Desde o rompimento da barragem em Brumadinho, técnicos do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad-MG), Agência Nacional de Águas (ANA), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) monitaram a qualidade da água do rio Paraopebas, afluente do São Francisco e principal afetado pelo escorrimento de lama da barragem da Vale que se rompeu.
"A previsão é que esses rejeitos cheguem no completo de Retiro Baixo em breve, mas as equipes lá já estão preparados para esse evento e o complexo já está preparado para segurar esses rejeitos. Em Três Marias pode chegar entre os dias 15 e 20 [de fevereiro], mas a barragem de lá tem 100 vezes a capacidade de Retiro Baixo", explica Maciel, pontuando que será possível, assim, diluir a lama e evitar que rejeitos pesados cheguem ao rio. "Correu fake news causando pavor em toda a população que sobrevive do rio, mas isso está praticamente descartado", completa.
No momento, o principal desafio das equipes é lidar com as fortes chuvas que atingem Brumadinho e região. Maciel explica que a incidência de tempestades tornam a previsão de danos mais aleatória e o monitoramento "muda a todo o momento porque com chuva, aumenta-se a lama e a capacidade da água levar rejeitos".
"Depois de Três Marias, porém, é quase descartada possibilidade de contaminação. Mesmo que se chegue lá com grande carga, a lama já vai sair bem mais filtrada, o rejeito não deve passar de lá. Será praticamente imperceptível, mas vamos monitorar".
Maciel contou à Sputnik Brasil ainda que, com o temor de contaminação ao rio do qual dependem 18 milhões de pessoas, os governos estaduais de Sergipe e Alagoas chegaram a cogitar a criação de uma sala de respostas imediatas (montada em casos de grandes desastres), mas que tem viajado ao Nordeste explicando a autoridades que o movimento seria prematuro.
"O Brasil não se pode ter o luxo de, a cada três anos ter uma situação como essa. Tivemos Mariana, Barcarena no Pará e agora com esse crime humanitário, estamos extremamente preocupados. Incentivamos o fortalecimento dos mecanismos de fiscalização preventiva integrada para fazer um monitoramento de barragens de todo os tipos e evitar que uma tragédia assim volte a acontecer", finaliza.
Cemig permanece em alerta
Em nota enviada à Sputnik Brasil, a Cemig informou que "está acompanhando o trajeto da pluma de sedimentos da barragem Mina do Feijão, de Brumadinho, pelo Rio Paraopeba desde o início do rompimento da barragem".
A companhia disse ainda estar "em constate contato com o Operador Nacional do Sistema (ONS) e a Agência Nacional de Águas (ANA)" e que organiza no momento "um plano de monitoramento da qualidade da água nas usinas de Igarapé e Três Marias".