Em 4 de fevereiro, o Grupo de Lima pediu às Forças Armadas da Venezuela que permitissem a entrada e distribuição de ajuda humanitária, que seria entregue à oposição venezuelana. Nicolás Maduro, por sua vez, rejeitou as declarações do Grupo e reafirmou sua posição em defesa da soberania.
Brieger explicou à Sputnik Mundo que "na Venezuela, a oposição oferece ajuda humanitária não só por causa das necessidades da população, mas também para poder usá-las como demonstração de poder e dar a Juan Guaidó as características de um governo". Na Venezuela as fronteiras são controladas pelo Exército venezuelano, enquanto países vizinhos como a Colômbia e o Brasil defendem a "ajuda" da oposição.
Segundo Brieger, por trás deste gesto de boa fé há uma demonstração de poder. "Se a questão fosse realmente ajuda humanitária, deveria ser tratada entre as Nações Unidas e o governo venezuelano, mas aqui se trata de uma manobra política que pode ser complicada se [a ajuda] entrar a partir do Brasil ou da Colômbia", insistiu o especialista.
Encontro em Montevidéu busca a paz?
Enquanto a pressão se mantém no Caribe, Montevidéu prepara-se para sediar uma reunião no dia 7 de fevereiro entre os países que defendem uma solução diplomática. Entre os participantes estão tais países da UE como a Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Holanda, Reino Unido e Suécia, além do México, Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai.
Vale destacar que, para o jornalista, é difícil prever o que acontecerá nesta reunião "porque hoje o contexto da ofensiva política para derrubar o governo de Maduro é minoritário na América Latina".
"Uma solução diplomática evitaria uma guerra civil, já que os antecedentes mais recentes de formação de governos paralelos levaram a guerras, como a Líbia e a Síria. Então, governos de países como o México e o Uruguai têm consciência de que uma maior polarização e até a entrega de ajuda humanitária à Venezuela pelos Estados Unidos (e não pela ONU) contribui para a exacerbação da política interna e regional da Venezuela ", disse o especialista.
"O Grupo de Lima pode realizar uma pressão muito forte, pois é formado por vários dos países mais importantes da região, como a Argentina, Brasil, Colômbia, entre outros, enquanto a reunião em Montevidéu não depende de nenhum órgão reconhecido com capacidade de decidir políticas, como as Nações Unidas ", explicou.
O especialista conclui que é claro que o governo venezuelano não aceitará tais condições e que a exigência da oposição é arriscada porque exige eleições livres com a certeza de vencer, mas pode perdê-las por subestimar o poder de mobilização que o chavismo tem.