"A reunião em Montevidéu a partir de premissas erradas, não considero uma iniciativa válida", declarou o chanceler em Washington.
"Nós não achamos que uma iniciativa que é parte muito útil do campo de jogo nível de orçamento entre o governo legítimo de Juan Guaidó e a ditadura de Nicolás Maduro, parece-nos que isso não é um ponto de partida", acrescentou.
Araújo fez as declarações da embaixada brasileira na capital dos Estados Unidos, no final de uma visita oficial ao país, onde se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e com o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.
Além da Venezuela, outro tema debatido por Araújo com as autoridades estadunidenses foi a visita oficial que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro deve fazer em março, provavelmente na segunda quinzena, sem uma data ainda fechada, de acordo com o chanceler.
Tempo para falar com Maduro já passou, diz enviado dos EUA
O tempo de diálogo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, já passou, declarou o enviado especial dos EUA para o país sul-americano, Elliott Abrams.
"O tempo para o diálogo com Maduro já passou", comentou em entrevista coletiva.
Assim como Araújo, Abrams criticou a reunião do GCI, convocada por iniciativa do Uruguai e do México, realizada nesta quinta-feira em Montevidéu.
"Não estamos interessados em entrar para o Grupo de Contato", ressaltou.
O diplomata pediu à comunidade internacional que reconheça o líder da Assembleia Nacional da oposição (Parlamento unicameral, desprezado desde 2016), Juan Guaidó, a quem os EUA já haviam reconhecido como presidente interino da Venezuela.
"O governo dos EUA está em coordenação com Guaidó e sua equipe de especialistas, bem como com outros governos da região e especialistas em ajuda humanitária em termos de logística para fornecer assistência", afirmou Abrams.
Ele acrescentou que os Estados Unidos estão fornecendo alimentos e medicamentos para a Colômbia "para que eles possam ser entregues à Venezuela com segurança o mais rápido possível".
A Venezuela está passando por uma crise econômica e política que piorou em 23 de janeiro, depois de Guaidó se proclamar "presidente encarregado" do país.
Ele foi imediatamente reconhecido pelos EUA, 11 dos 14 países membros do Grupo de Lima (incluindo o Brasil) e a maioria dos estados membros da UE, com algumas exceções, como a Itália.
Rússia, Bolívia, China, Cuba, Irã, Turquia e outros países reafirmaram seu apoio ao atual governo venezuelano.
Enquanto isso, Maduro, que assumiu o segundo mandato em 10 de janeiro, chamou a declaração de Guaidó de uma tentativa de golpe e culpou os EUA por orquestrá-la.
Em 2 de fevereiro, Maduro disse que 2019 será o ano da recuperação econômica da Venezuela, que está a caminho de "superar o dólar criminoso e a hiperinflação" que enfrenta por causa da guerra econômica promovida pelos EUA.