Reportagem do Estado de S. Paulo, divulgada neste domingo (10), mostrou que o governo encara com preocupação a atuação da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) e dos órgão associados, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e as pastorais Carcerária e da Terra.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Frei Betto, importante teólogo brasileiro e autor de mais de 60 livros, disse que a partir do momento que a Agência Brasileira de Informação (Abin) passou a monitorar o Sínodo e o classificou como uma "agenda de esquerda", o governo Bolsonaro "vestiu a carapuça" de que pretende violar os direitos dos povos da Amazônia.
"O Sínodo tem por objetivo defender os povos da Amazônia, não só os indígenas como os ribeirinhos, os agricultores, os desempregados, defender todas aquelas pessoas, não há um intuito de se reunir para criticar esse ou aquele governo, é fazer uma reunião para defender os direitos dos povos da Amazônia", defendeu.
Frei Betto diz que a Igreja Católica pretende fazer a análise da situação da Amazônia "doa a quem doer".
"Infelizmente nos últimos anos o Brasil não tem respeitado os direitos dos povos indígenas, inclusive esse governo já declarou que índio tem que ser entregado a civilização dos brancos, que as terras tem que ser ocupadas por mineradoras, latifundiários, um total descaramento.Mostrou que pretende sim violar os direitos dos povos originários da Amazônia e do Brasil, então por isso que o general Heleno se sentiu incomodado", disse.
A reportagem traz declarações de Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que afirma que o governo está preocupado. "Queremos neutralizar isso aí", declarou o responsável pela medida. Após a revelação da atuação da Abin, a oposição do governo quer convocar o general Augusto Heleno para explicar atuação.
Frei Betto contou que o governo pretende realizar uma espécie de evento pré-Sínodo em Roma para "explicar a posição do governo a respeito da Amazônia".
"Tomara que façam essa reunião prévia ao Sínodo porque na itália tem muitas pessoas que conhecem muito bem a problemática amazônica e eles vão ter que debater com essas pessoas", defendeu.
O evento, batizado de "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral", terá como diretrizes: "Ver" o clamor dos povos amazônicos; "Discernir" o Evangelho na floresta. O grito dos índios é semelhante ao grito do povo de Deus no Egito; e "Agir" para a defesa de uma Igreja com "rosto amazônico", e deverá ser atendido por 250 bispos.