"Na situação atual gostaria especialmente de sublinhar que o presidente Putin transmite palavras de apoio e solidariedade ao seu colega e amigo, presidente Nicolás Maduro", disse Lavrov.
Segundo o ministro russo, a Rússia e a Venezuela estão cooperando estreitamente e coordenando suas ações no palco internacional. Agora esse fato ganha uma importância maior nas condições de um ataque frontal e intervenção descarada nos assuntos internos da Venezuela.
"A Venezuela é um parceiro seguro de longa data. E hoje reafirmamos a solidariedade com o povo e o governo legítimo da Venezuela nos seus esforços para defender a sua soberania e independência. Estamos unidos na necessidade de todos os países sem excepção cumprirem incondicionalmente os princípios fundamentais consagrados na Carta da ONU, inclusive, acima de tudo, o princípio da não ingerência nos assuntos internos de outros países", declarou o diplomata russo.
Perante os olhos de todo o mundo se leva a cabo uma campanha para derrubar Maduro, inclusive por métodos militares, afirmou o ministro, acrescentando que a resolução da crise venezuelana deve se efetuar sem pressão do exterior e ultimatos.
De acordo com Lavrov, Moscou está preocupada com os planos dos EUA de armarem a oposição venezuelana, comprando armas de fogo e morteiros na Europa Oriental e enviando estes armamentos para os opositores.
Lavrov não exclui o cenário em que os EUA desencadeiem ações em violação de todas as normas possíveis, afirmando ao mesmo tempo que não há nenhum país, para além de um ou dois aliados mais próximos dos EUA, que apoie a intervenção militar na Venezuela.
A realização do cenário militar pelos EUA na Venezuela mostrará os seus verdadeiros motivos, disse Lavrov, indicando que não se trata da democracia, mas do desejo de submeter todos aos EUA.
"Esta é a posição de um país que alegadamente se preocupa com a situação humanitária na Venezuela, está pronta a organizar provocações na fronteira, como aconteceu em 23 de fevereiro, mas na realidade não quer mais nada a não ser a deslegitimação do governo oficial e do presidente legítimo, Nicolás Maduro", sublinhou o diplomata.
Moscou está pronta a aderir aos esforços dos mediadores regionais e internacionais para promover o diálogo e resolver a crise na Venezuela, acrescentou ele. No entanto, a oposição rejeita continuamente tal formato, seguindo as ordens de Washington. Maduro está disposto para o diálogo com a oposição sem condições preliminares, mas Juan Guaidó está contra, afirmou.
A crise política na Venezuela se agravou no dia 23 de janeiro, depois que o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, se declarou presidente interino do país durante protestos antigovernamentais em Caracas. O atual presidente Nicolás Maduro acusou Washington de estar orquestrando um golpe na Venezuela, tendo chamado Guaidó de "marionete dos EUA".
Os EUA e aproximadamente 50 países, inclusive o Brasil, reconheceram Guaidó como presidente da Venezuela. A Rússia, a China, Cuba, o México e outros países apoiam a permanência de Maduro.