Único estado brasileiro fora do sistema elétrico nacional, Roraima ainda depende do país vizinho para manter as luzes acesas. Boa parte da energia importada da Venezuela é utilizada para abastecer Boa Vista. A cidade responde por 75% de toda a energia consumida no estado. De acordo com o governador Antônio Denarium, a exportação de energia elétrica foi suspensa pela estatal venezuelana responsável pelo setor alegando "reparos na rede" de distribuição, o que obrigou o Brasil a acionar as custosas usinas termoelétricas para manter a energia sendo distribuída.
"Não se pode esquecer e nem subestimar que a Rússia forneceu baterias antiaéreas S-300, que tem um poder destrutivo bastante significativo, e obviamente seria utilizado para proteger o espaço aéreo venezuelano e portanto toda a fronteira sul e toda a fronteira sudoeste", relembra Pautasso. Os S-300 são compostos por vários mísseis terra-ar têm alcance de até 300 km e compõem um avançado sistema de defesa antiaérea. A Venezuela vem adquirindo baterias do tipo desde 2009.
Outro prospecto negativo, diz Pautasso, seria o aumento expressivo no fluxo migratório para Roraima. Para o especialista, a tendência é que o número de venezuelanos cruzando a fronteira e se estabelecendo no Brasil se multiplique.
"Na [Guerra da] Síria, só para a Europa foram 1 milhão de imigrantes. Imagine o fluxo expressivo de venezuelanos para Roraima — que já não é um estado dos mais desenvolvidos e tem carência no fornecimento de serviços públicos para sua própria população —, obrigada a arcar com ajuda humanitária e prestação de serviços. É uma situação complexa e que pode ser fruto de ações diplomáticas pouco habilidosas", prenuncia.
"O governo brasileiro teve uma decisão bastante precipitada em reconhecer o presidente interino [Juan Guaidó], em uma atuação do Itamaraty que me parece pouco nobre em relação à sua história. O presidente Bolsonaro recebeu Guaidó conferindo-lhe status de chefe de Estado, o que causou desconforto inclusive na cúpula militar do governo. Essa falta de habilidade na condução da política externa tende a produzir bastante atrito", alerta.