'Não somos escravos': sob críticas dos EUA, Erdogan diz que não cancelará acordo por S-400

© Sputnik / Mikhail KlimentievPresidente russo Vladimir Putin durante encontro com seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan em Sochi, 17 de setembro de 2018
Presidente russo Vladimir Putin durante encontro com seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan em Sochi, 17 de setembro de 2018 - Sputnik Brasil
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta quarta-feira (6) que a Turquia não pretende cancelar o acordo de compra dos sistemas de defesa aérea russos S-400 Triumf, apesar das críticas dos Estados Unidos.

"Isso está acabado", disse Erdogan, salientando as assinaturas que já foram feitas em relação ao acordo e que a primeira entrega dos sistemas está programada para julho. "Nós somos uma Turquia independente, nós não somos escravos", disse.

O general do Exército dos EUA, Curtis Scaparrotti,que lidera o comando dos EUA para a Europa, recomendou ao Congresso dos EUA na terça-feira (5) que caso a Turquia comprasse os sistemas S-400 da Rússia, a entrega dos jatos F-35 dos EUA para Ancara deveria ser cancelada.

"Se eles aceitarem os S-400 e os estabelecerem na Turquia há uma questão […] ligada aos F-35", disse o comandante ao Comitê dos Serviços Armados do Senado dos EUA, conforme reportou a Sputnik News.

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"Isso apresenta um problema a todos os nossos aviões, mas especificamente aos F-35. Meu melhor conselho militar seria que nós então não sigamos adiante com os F-35, usá-los ou trabalhar com um aliado que está trabalhando com sistemas russos, particularmente sistemas de defesa aérea, com o que eu diria ser um das mais avançadas capacidades tecnológicas", acrescentou o militar norte-americano.

O presidente turco também ponderou que seu governo pode ainda considerar a compra dos sistemas de defesa aérea S-500 Prometey (Prometheus), da Rússia, em uma data posterior. O S-500 ainda não está totalmente operacional nas Forças Armadas da Rússia, mas acredita-se que ele será igual em capacidade ao sistema de defesa aérea de alta altitude, THAAD, dos EUA, e deve entrar em serviço em 2020.

Erdogan acrescentou que os EUA não deveriam tentar disciplinar a Turquia por meio de medidas comerciais, observando que a Turquia tem suas próprias medidas preparadas.

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Os comentários de Erdogan nesta quarta-feira (6) também falaram na retirada dos EUA da Síria, onde Ancara e Washington se viram em lados opostos do atual conflito da Turquia com as milícias curdas na região.

"Se os EUA quiserem tirar armas da Síria, eles podem, mas se não quiserem, que as entreguem à Turquia, não aos terroristas", disse Erdogan em uma entrevista ao Kanal 24.

​Ancara considera as milícias curdas, parte das Forças Democráticas da Síria, aliadas dos EUA, como organizações terroristas. À medida que o calendário dos EUA para a retirada da Síria continua, Washington ponderou a questão de levar ou não armas emprestadas dos EUA ou deixá-las em mãos curdas para continuar a luta contra o Daesh e outras forças no país.

Erdogan disse que, apesar de acreditar que o presidente dos EUA, Donald Trump, "tomou uma posição firme" em retirar as tropas norte-americanas da Síria, ele enfrenta a pressão do aparelho do Estado norte-americano. "Há uma ordem estabelecida nos EUA", disse Erdogan. "Nós também podemos chamar isso de 'Estado profundo'. Eles bloqueiam essas etapas".

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