Com a presença internacional se intensificando em Svalbard, as autoridades norueguesas trabalham em uma estratégia para uma presença científica mais clara na região. Hoje, o arquipélago abriga mais de 1.000 pesquisadores de 200 instituições de 30 países, segundo o jornal norueguês Kassekampen.
Anteriormente, o governo norueguês indicou um plano para Svalbard para prevenir uma situação onde os noruegueses seriam a minoria no arquipélago. Sendo assim, o Departamento Polar e Climático do Conselho de Pesquisa norueguês elaborou um modelo de pesquisa estratégica para Ny-Alesund, em Svalbard.
Dessa forma, a Noruega vai deixar de se referir a eles como estações, e ao invés disso, utilizará seus nomes institucionais.
Contudo, estas propostas estão incomodando a China que, atualmente, possui 80 projetos registrados em biologia, estudos sociais e atmosfera em Svalbard.
O Instituto Polar chinês declarou que sua Estação Ártica do Rio Amarelo não irá mudar de nome, mas confessa que os pesquisadores chineses também reservam o direito de pesquisa como desejarem, incluindo direito e ciências sociais. Além disso, expressou uma profunda preocupação sobre a pressão norueguesa por uma estratégia universal de pesquisa.
"Nós apreciamos a coordenação da Noruega, mas defendemos a pesquisa livre, que acreditamos que não deveria ser influenciada por outros", afirmou o representante do Departamento de Cooperação Internacional, Wei Long, ressaltando a importância da China no Ártico, além de enfatizar que Pequim interpreta como ato "discriminatório contra outros idiomas" pela obrigatoriedade de publicar as pesquisas em inglês.
A China declara que aceita plenamente a soberania norueguesa sobre Svalbard, mas aponta que o Tratado de Svalbard prevê a igualdade de treinamento entre os países envolvidos. Com isso, a China gostaria de utilizar sua estação como uma base para pesquisa, mineração e talvez, para turismo.
De acordo com Rune Vistad, do Departamento Polar e Climático do Conselho de Pesquisa norueguês, o departamento "[…] declarou que a China tem algumas preocupações", isso porque a rigorosa estratégia não vai apenas elevar a quantidade e qualidade da pesquisa, como também aliviará a pressão sobre o meio ambiente.
Em 2018, a China publicou sua Política Ártica, onde promete participar ativamente nos assuntos do Ártico como um "Estado próximo ao Ártico" e um dos mais interessados na região.
O arquipélago Svalbard é uma das mais setentrionais do mundo, com uma área de 61.000 quilômetros quadrados, das quais aproximadamente 60 % são cobertas por gelo, além de possuir uma população de 2.600 pessoas.
Grande parte dos pesquisadores estão concentrados em Ny-Alesund, que é uma antiga comunidade de mineração, onde a primeira pesquisa foi estabelecida há 50 anos, e hoje mais de 20 países possuem projetos em Svalbard.
O Tratado de Svalbard de 1920 permite atividades estrangeiras desde que cumpram as normas norueguesas. Atualmente, 43 países fazem parte do tratado.