Em entrevista coletiva concedida na mais importante feira de defesa e segurança da América Latina e que acontece até sexta-feira no Rio de Janeiro, os representantes da companhia revelaram detalhes envolvendo o eVTOL (eletrical vertical take-off and landing, ou veículo elétrico de decolagem e pouso vertical em português).
"Nós, enxergando o futuro, estamos desenhando esse conceito por quê? Essa demanda, essa aeronave por impactar e gerar a demanda pela mobilidade urbana em um cenário de médio a longo prazo. Nós já estamos antecipando, preparando uma visão e um conceito de como será o tráfego aéreo nesse período. É isso que será o nosso projeto", declarou o diretor de Tecnologia da Atech, Marcos Resende.
Carro voador da Embraer, o eVTOL está sendo desenvolvido por outro segmento da companhia brasileira, a Embraer X, e já teve seus primeiros esboços mostrados no início deste ano no festival de inovação South By Southwest (SXSW), nos Estados Unidos. Pelo conceito divulgado, o veículo será semelhante a um helicóptero, movido a eletricidade e terá decolagem e aterrisagem verticais.
"As aeronaves estão sendo desenvolvidas agora, elas ainda estão sendo prototipadas, e depois vem uma série de certificações e é a partir daí que essa demanda irá surgir. Nós queremos estar prontos, com um sistema de tráfego aéreo pronto", acrescentou Resende.
Além dos aspectos tecnológicos envolvidos, a presença de grandes metrópoles em solo brasileiro pode dar um campo frutífero para o Brasil liderar o processo de desenvolvimento de tais veículos, conforme explicou o presidente da Atech, Edson Mallaco.
"No Brasil, especificamente, há grandes metrópoles com potencial muito grande de desenvolvimento dessas soluções de mobilidade urbana discutidas, como São Paulo, Rio de Janeiro, que possuem problemas de trânsito, engarrafamento, e com um potencial muito grande para isso se desenvolver aqui", pontuou quando questionado pela Sputnik Brasil.
"A gente às vezes imagina uma coisa muito disruptiva acontecendo nessa questão da mobilidade urbana, mas o que eu posso adiantar é que a construção desse cenário está sendo feita baseada nos procedimentos e processos principalmente no âmbito da segurança. Para o desenvolvimento de um sistema de controle existe um processo longo que a gente adota para garantir a segurança desse sistema. Parece uma coisa muito distante, mas já está acontecendo", avaliou.
"Já existem alguns protótipos desse tipo de aeronave voando no mundo, em testes ainda não certificados, inclusive algumas com pessoas a bordo já, voando quase que como um drone, carregando pessoas, mas isso ainda está muito longe do que a gente imagina como uma aeronave certificada, segura, e também com um sistema de controle que coordene esse espaço aéreo a fim de permitir que todo esse fluxo e transforme essas aeronaves. São muitos os vetores que estarão circulando nesse ambiente e que precisam de alguma forma serem coordenados", complementou o executivo da Atech.
A subsidiária da Embraer é especializada na concepção, construção e desenvolvimento de sistemas de controle de tráfego aéreo. A Atech já conduziu projetos em conjunto com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) que já tem conhecimento da iniciativa em torno do carro voador brasileiro.