A perspectiva foi revelada à Sputnik Brasil pelo engenheiro Vinicius Bocaiúva, CEO e representante da companhia VSK Tactical, sediada nos Estados Unidos, em entrevista concedida na 12ª LAAD Defence & Security, a mais importante feira de defesa e segurança da América Latina e que acontece até sexta-feira no Rio de Janeiro.
"Sem dúvida o atual momento político entre Brasil e Chile, sob a presidência de Jair Bolsonaro, tem um peso significativo para essa aproximação. Sentimos um impacto claro nas conversas que estamos mantendo com a Marinha do Brasil", declarou Bocaiúva, minutos depois de oficiais da Força Naval brasileira terem deixado o estande da empresa.
Bolsonaro esteve recentemente em Santiago para encontros bilaterais e para a fundação de uma nova organização latino-americana, intitulada Prosul. Na opinião do CEO da VSK Tactical, há uma quebra de paradigma no aspecto político e, na sua opinião, pode ter impacto no processo acerca do navio quebra-gelo, que dará suporte aos projetos e às pesquisas do Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
Por intermédio da Diretoria de Gestão de Programas da Marinha (DGePM), a Marinha do Brasil deu início ao processo de obtenção do NApAnt em 22 de fevereiro. Entre os dias 25 do mesmo mês e 13 de março, quatro grupos interessados do projeto aceitaram participar do RFI (Request For Information, ou Solicitação de Informações em português), e terão até o dia 13 de maio para responder todo o questionário solicitado pelo edital.
"A aquisição do NApAnt, em substituição do NApOc [Navio de Apoio Oceanográfico] Ary Rongel, possibilitará a continuidade e o incremento das atividades de apoio logístico realizadas pela Marinha do Brasil na Antártica, proporcionando um meio moderno, de maior capacidade e de elevada confiabilidade para a consecução dos objetivos do Brasil no Continente Antártico", divulgou a Força Naval brasileira em comunicado.
À Sputnik Brasil, Bocaiúva teceu uma série de elogios ao estaleiro Astilleros y Maestranzas de la Armada (Asmar), administrado pela Marinha do Chile, destacando a identificação entre as duas Armadas sul-americanas e revelando que, recentemente, a mesma companhia construiu um navio semelhante ao do projeto do NApAnt.
"É uma empresa ligada à Marinha chilena, que está hoje mais avançada do que a nossa, vide a questão dos submarinos. O fato de não ser uma companhia meramente privada, que tem experiência e projetos para apresentar, pode fazer a diferença", explicou o CEO da VSK Tactical. O que ainda não está definido é qual estaleiro no Brasil irá participar dessa proposta, algo que a companhia dos EUA pretende definir até o fim desta semana.
De acordo com a Marinha do Brasil, o novo quebra-gelo brasileiro "visa a obtenção por construção de um navio, incluída a aquisição dos equipamentos e sistemas científicos, dos planos de gestão do ciclo de vida, do apoio logístico integrado e da manutenção para apoiar logisticamente o Proantar e contribuir para a segurança da navegação na região antártica, por meio da realização de levantamentos hidrográficos".
A expectativa é de que até julho deste ano a Marinha do Brasil escolha um dos quatro projetos.
Construído em 1981 na Noruega, o NApOc Ary Rongel foi incorporado à Armada brasileira em 1994 e é, ao lado do Navio Polar (NPo) Almirante Maximiano, a principal embarcação de apoio à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), destruída por um incêndio em 2012. O novo quebra-gelo brasileiro, quando concluído, deverá auxiliar nos trabalhos do posto, que está sendo reconstruído pela Corporação Chinesa de Importações e Exportações Eletrônicas (CEIEC) e deverá estar concluído no primeiro semestre de 2020.