A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, relutantemente entrou em contato com os legisladores trabalhistas na terça-feira, depois que o Parlamento rejeitou a sua proposta de saída da UE pela terceira vez. O movimento enfureceu os parlamentares pró-Brexit em seu Partido Conservador, e três dias de barganha com a oposição ainda não renderam uma solução de conciliação.
Enquanto o líder trabalhista Jeremy Corbyn culpou o governo, dizendo que May não mostrava disposição para abandonar suas posições anteriores no Brexit, a parlamentar Rebecca Long-Bailey, também do Partido Trabalhista, mantinha esperanças e disse que mais negociações são esperadas.
A parlamentar classificou o diálogo como "esperançoso", apesar da postura "desapontadora" do governo em não mudar sua posição em diversos pontos.
"O mais triste é que, no momento, não vimos nenhuma mudança real no acordo, mas estamos esperançosos que isso vá mudar nos próximos dias e estamos dispostos a continuar as negociações, e sabemos que o governo também está", disse Long-Bailey à BBC. "Estamos atualmente esperando o governo dar a resposta para nós se eles estão preparados para avançar em qualquer uma das suas linhas vermelhas", acrescentou.
A principal demanda do Partido Trabalhista é por uma união aduaneira com a UE pós-Brexit para proteger o fluxo de mercadorias. Os defensores linha dura do Brexit se opõem veementemente a qualquer proposta que continue a vincular o Reino Unido às regras tarifárias da UE e restrinja a capacidade do país de realizar seus próprios acordos de livre comércio mundo afora. Long-Bailey insistiu que o Partido Trabalhista quer evitar um Brexit sem acordo "em qualquer situação" e está preparado para cancelar o Brexit em vez de deixar o Reino Unido sair da UE sem acordo.
Mas a parlamentar conservadora Andrea Leadsom disse neste domingo que um cenário sem acordo não seria "tão sombrio quanto muitos poderiam advogar". Ela disse que o partido do governo está trabalhando com os trabalhistas para encontrar um acordo, mas a sua linha mestra é o Reino Unido deixar o bloco europeu.
A UE concordou no mês passado em adiar o Brexit, originalmente marcado para 29 de março, e estabeleceu o dia 12 de abril como o novo prazo, sob certas condições.
May pediu aos demais países da UE um novo adiamento que se estenderia até 30 de junho, na esperança de obter um acordo alternativo das negociações da oposição e do Parlamento dentro de algumas semanas. Espera-se que outros líderes europeus respondam ao pedido de adiamento durante uma cúpula em Bruxelas, marcada para quarta-feira.