"Estou tão animada que finalmente conseguimos compartilhar o que temos trabalhado no ano passado!", escreveu Bouman, de 29 anos, pesquisadora de pós-doutorado do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, na sua conta do Facebook na quarta-feira após a publicação da imagem.
O termo "buraco negro" refere-se a um ponto no espaço onde a matéria é tão comprimida que cria um campo de gravidade do qual até mesmo a luz não pode escapar. O enorme buraco negro na foto divulgado na quarta-feira está a 50 milhões de anos-luz de distância, no centro de uma galáxia conhecida como M87.
Embora a existência de buracos negros seja conhecida há muito tempo, o fenômeno mostrou-se impossível de ser testemunhado.
Em 2016, Bouman desenvolveu um algoritmo chamado CHIRP para filtrar uma verdadeira montanha de dados recolhidos pelo telescópio Event Horizon em todo o mundo para criar uma imagem.
O volume de dados — quatro petabytes (4 milhões de bilhões de bytes) — estava contido em uma montanha de discos rígidos que pesavam centenas de quilos e tinham que ser transportados fisicamente para o Observatório Haystack em Westford, operado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Para garantir a precisão da imagem, o Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, operado pela Universidade de Harvard, forneceu os dados a quatro equipes diferentes. Cada equipe usou de forma independente o algoritmo para obter uma imagem.
Após um mês de trabalho, os quatro grupos apresentaram seus resultados para as outras equipes.
"Esse foi o momento mais feliz que já tive [quando] vi que todas as outras equipes tinham imagens muito semelhantes, com a metade inferior mais brilhante do que a metade superior. Foi incrível ver todo mundo entender isso", declarou Bouman ao The Wall Street Journal.
"Nenhum algoritmo ou pessoa criou essa imagem", escreveu Bouman, que no outono começará a trabalhar como professora assistente no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Cal Tech).
"É necessário o incrível talento de uma equipe de cientistas de todo o mundo e anos de trabalho duro para desenvolver o instrumento, o processamento de dados, os métodos de imagem e as técnicas de análise necessárias para realizar esse feito aparentemente impossível", explicou ela no Facebook.
"Foi realmente uma honra e eu tenho muita sorte de ter tido a oportunidade de trabalhar com todos vocês", concluiu.