Segundo a mídia, em Washington os políticos começaram a entender que Pequim não vai quebrar o modelo econômico existente, então seria melhor não fazer exigências impossíveis e se focar em outros aspectos. Nas últimas semanas, os mercados têm estado optimistas quanto às notícias sobre as negociações comerciais entre os dois países.
O secretário do Tesouro dos EUA, Stephen Mnuchin, disse que os EUA e a China estão se aproximando da fase final de resolução de todas as questões. Já o presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma declaração ainda mais promissora: a reunião final dos líderes dos dois países, durante a qual está prevista a assinatura do acordo final, pode ocorrer em poucas semanas.
Os negociadores conseguiram aproximar suas posições sobre a maioria das questões. A China, por exemplo, reconheceu que a transferência obrigatória de tecnologias existe e prometeu uma maior proteção para os investidores estrangeiros. A seriedade das suas intenções foi confirmada pela rápida adopção de uma nova lei sobre o investimento estrangeiro.
Além disso, a China prometeu reduzir o desequilíbrio da balança comercial para zero dentro de 6 anos. Os negociadores dos EUA também notaram a promessa de Pequim de manter a taxa de câmbio em um nível aceitável. No entanto, a questão da atribuição de subsídios a empresas estatais tornou-se um obstáculo nas negociações comerciais entre os dois países. Os EUA argumentaram que Pequim, ao subsidiar suas empresas nacionais, estaria minando as bases da concorrência leal, o que viola os compromissos da adesão da China à OMC.
A China preferiria desistir do acordo a concordar com condições que são inaceitáveis para o país. Nesse caso, Washington acredita que é melhor se concentrar em outras questões importantes nas relações comerciais entre os EUA e a China.
O abrandamento da posição dos EUA é explicado pela falta de vontade de colocar as negociações em um impasse, especialmente porque os EUA não têm motivos suficientes para tais demandas, disse à Sputnik China Li Kai, especialista da Universidade de Finanças de Shanxi chinesa.
"Acredito que os subsídios governamentais são uma questão chave nas negociações comerciais entre a China e os EUA. A probabilidade de a China fazer concessões nesta matéria é extremamente baixa. Além disso, os EUA não têm motivos suficientes para exigir concessões da China, já que os EUA agiram de forma semelhante", explicou Li Kai.
"Ao longo dos 40 anos de implementação da política de reformas e abertura, muitas empresas chinesas só conseguiram alcançar grande sucesso graças ao apoio do Estado. E eu acho que os EUA fizeram concessões sobre essa questão, não apenas porque as autoridades chinesas foram duras nessa questão, mas também porque sentiram que sua posição não estava bem fundamentada", acrescentou ele.
Li Kai afirma que, em comparação com os desequilíbrios comerciais e as questões cambiais, a questão dos subsídios às empresas é a mais difícil. "É extremamente difícil chegar a um consenso sobre esta questão. Se os EUA fizerem concessões e a questão for resolvida, então podemos considerar que as questões comerciais foram resolvidas no geral e as negociações estão quase concluídas."
"Washington talvez tenha percebido que sem uma regulamentação estatal da economia chinesa é impossível atender a outros requisitos dos EUA. Por exemplo, serão implementados planos para reduzir o desequilíbrio comercial principalmente através do aumento das compras de produtos americanos por parte das empresas chinesas", explica ele.
O interlocutor da Sputnik China adiciona que agora, no contexto de compromissos mútuos, os contornos do futuro acordo estão a tornar-se mais claros. Outra questão controversa das negociações comerciais entre a China e os EUA é a criação de um mecanismo de controle da aplicação dos acordos, mas aqui também se está avançando.