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Venezuela quer reabrir fronteira com Brasil, revela senador brasileiro

© Sputnik / Renan LúcioFronteira entre Brasil e Venezuela, na cidade brasileira de Pacaraima, no estado de Roraima
Fronteira entre Brasil e Venezuela, na cidade brasileira de Pacaraima, no estado de Roraima - Sputnik Brasil
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O governo venezuelano está interessada em reabrir a fronteira com o Brasil, fechada desde o final de fevereiro, disse o senador brasileiro Telmário Motta (PROS-RR), que na semana passada se reuniu em Caracas com o presidente Nicolás Maduro para tratar da questão.

"A reunião foi muito positiva, o governo venezuelano tem todo o interesse em abrir a fronteira", declarou o senador à Sputnik, que representa Roraima, um estado muito afetado economicamente pelo fechamento da fronteira.

Nesta quinta-feira, o senador viaja para Santa Elena de Uairen, cidade da Venezuela perto da fronteira com o Brasil, acompanhado por deputados de Roraima e empresários para negociar com as autoridades venezuelanas a reabertura da fronteira.

O senador brasileiro espera entregar aos porta-vozes do governo venezuelano uma carta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em resposta à carta que Maduro lhe enviou na semana passada, no qual ele pediu para restaurar as relações bilaterais.

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"Os venezuelanos querem abrir a fronteira, mas precisam de garantias sobre sua soberania, o que eles querem exatamente saberemos nesta negociação", revelou Motta.

O senador, que assumiu o papel de mediador entre os dois países, salientou que tentativas de diálogo estão sendo torpedeado desde o início pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, que rompeu relações com a Venezuela desde que tomou posse e rapidamente se alinhou aos EUA em favor do autoproclamado presidente encarregado Juan Guaidó.

Motta rejeita as críticas, enfatizando que ele não atua a título pessoal, mas preside uma subcomissão na Venezuela integrada por 12 senadores, entre eles Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente. Mesmo assim, sua consulta com Maduro causou um forte mal-estar no Executivo.

"Como parte dessa subcomissão, falamos com prefeitos, com o embaixador do Brasil [na Venezuela], com o ministro de Relações Exteriores, com o ministro da Justiça, com o governador de Roraima ... Quando pedimos diálogo com o governo venezuelano, ficamos surpresos que a resposta foi tão rápida" comenta o senador, que lamenta a falta de interesse de Brasília em uma saída negociada para a crise da fronteira.

"O governo [Bolsonaro] pôs todas as dificuldades possíveis para que eu não fosse [para Caracas], embora minha viagem fosse oficial [...]. O presidente do Senado pediu um avião oficial, mas o governo passou dias ignorando o pedido e, no final, tive que ir de carro sozinho para Santa Elena [na Venezuela] e, de lá, pegar um avião para Caracas", criticou o senador.

Motta contou também que em Roraima a relação com a Venezuela sempre foi "harmoniosa", mas acredita que agora estão sendo pagas as consequências de "interferir" na política interna do país vizinho.

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Roraima exporta para a Venezuela 53% de sua produção e tem uma forte dependência energética do país caribenho, uma vez que o estado não está conectado à rede nacional do Brasil.

Segundo o senador, 90% dos negócios na pequena cidade fronteiriça de Pacaraima foram forçados a fechar devido à falta de clientes que chegam da Venezuela por via rodoviária, e os moradores dessa cidade também sofrem com a escassez de gasolina.

Além disso, uma vez que os agentes da Guarda Nacional Bolivariana fecharam a estrada que liga os dois países, o fluxo migratório não parou (segundo o senador, até 10 de abril cerca de 20 mil pessoas entraram no Brasil), só agora tudo isso acontece de uma maneira mais descontrolada.

"Quem entra agora faz por caminhos muito perigosos, com coiotes, e não traz atestados de saúde ou antecedentes criminais, colocando em risco toda a sociedade de Roraima. O Brasil acaba perdendo o controle da entrada dessas pessoas", argumentou o parlamentar brasileiro.

A fronteira entre os dois países está fechada por ordem da Venezuela desde 21 de fevereiro, dois dias antes da suposta operação de ajuda humanitária que a oposição venezuelana organizou junto com os EUA e com o apoio logístico do Brasil.

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