Desde que tomou posse, o presidente da República Federativa do Brasil vem fortalecendo os laços com os EUA e Israel. Uma das promessas de Bolsonaro durante sua campanha eleitoral era que mudaria a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo assim a Cidade Santa como a capital de Israel.
Durante uma entrevista ao canal RT, o embaixador palestino Alzeben deu sua opinião sobre o assunto.
Perguntado sobre a viagem do líder brasileiro a Israel, o diplomata respondeu que a visita causou algumas controvérsias, como a ida ao "Muro das Lamentações com [o premiê israelense Benjamin] Netanyahu, em que o Brasil foi praticamente usado para sua campanha eleitoral".
"A visita de qualquer mandatário de qualquer país não vai mudar a natureza do conflito. Este conflito é resolvido entre duas partes e o fator externo deve ajudar na negociação e não na polarização […] O lugar do Brasil, o lugar de qualquer outro país, independentemente dos interesses bilaterais, é ajudar as duas partes. Acredito que estamos abrindo uma nova página com o Brasil e que deve ser seguida através do diálogo", disse.
"O Brasil sempre foi um mediador e queremos que continue. Durante o jantar, eu disse: 'Fiquem longe do conflito.' E agora acrescento: fiquem longe do conflito, mas não longe de nós. Queremos que o Brasil fique perto de nós, protegendo seus interesses com a Palestina e Israel. Para nos ajudar a alcançar essa paz que queremos", afirmou o embaixador.
Quanto à abertura de um escritório comercial ao invés da transferência da embaixada, Ibrahim Alzeben acredita que “qualquer aproximação a Jerusalém pode prejudicar o carácter e o estatuto legal da cidade”.
"Recomendamos que ninguém se aproxime deste conflito, especialmente da questão de Jerusalém. Jerusalém é um ponto muito delicado. É melhor não se aproximar, não abrir nenhum escritório, nem comercial, nem político, nem diplomático".
Questionado sobre as relações comerciais entre os países árabes e o gigante latino-americano, que é o maior exportador mundial de carne halal (permitida a consumo por muçulmanos), o diplomata declarou que o interesse é que os laços se estreitem ainda mais.
"Mas não há pressão, não pretendemos exercer pressão, o que pretendemos é abrir canais de diálogo para mostrar ao lado brasileiro onde estão os interesses mútuos. Acredito que a posição do Brasil de se retratar é sábia", concluiu.