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Economia brasileira não permite aventuras na diplomacia com Israel, diz especialista

© ReproduçãoO presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) posa ao lado de seu futuro ministro das Relações Exteriores, o embaixador Ernesto Araújo.
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) posa ao lado de seu futuro ministro das Relações Exteriores, o embaixador Ernesto Araújo. - Sputnik Brasil
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A guinada à direita no Itamaraty de Jair Bolsonaro (PSL) encontra limites no mundo real. O alinhamento com interesses dos EUA no Oriente Médio pode prejudicar os interesses bilionários do agronegócio brasileiro na região. Além do dinheiro em jogo, os produtores rurais formam importante base política de Bolsonaro. A avaliação é do mestre em Estudos Regionais do Oriente Médio e professor de relações internacionais na Jorge Mortean.

Ainda durante a campanha, Bolsonaro prometeu seguir a iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prestigiou a posse de Bolsonaro em Brasília, mas viu a proposta murchar quando o presidente mudou sua promessa durante visita a Israel. A embaixada deu lugar a promessa de um escritório comercial, sem data definida.

O reconhecimento de Jerusalém como capital israelense é uma medida controversa. Tanto Israel quanto Palestina reclamam a cidade como capital e a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que o status da cidade deve ser decidido em negociações entre israelenses e palestinos.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Mortean ressalta que o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, é uma pessoa conservadora e "fundamentalista em alguns aspectos ideológicos". O especialista em Oriente Médio ressalta que o Brasil hoje está quebrando sua tradição de não intervir em assuntos de outros países.

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"Somos um país que recebe grandes aportes de investimentos estrangeiros, o que não tem acontecido desde a eleição deste governo, isso prejudica a economia. Certas posições ideológicas que se parecem equivocadas do ponto de vista comercial têm minado até a base política do próprio governo", diz Mortean sobre a relação do Bolsonaro com os ruralistas.

Antes do primeiro turno das eleições, em 2018, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) declarou apoio ao candidato Bolsonaro por meio da então presidente da entidade, Tereza Cristina. A FPA é uma das bancadas mais poderosas do Congresso e Cristina assumiu o posto de ministra da Agricultura na gestão do presidente do PSL.

Apesar da proximidade ideológica entre Bolsonaro e Netanyahu, os árabes têm um peso bilhões de dólares maior com o Brasil, principalmente no agronegócio.

Levantamento da revista piauí mostra que o Brasil tem déficit de US$ 848 milhões de com Israel e superávit de US$ 3,8 bilhões com os 22 países da Liga Árabe. Os principais produtos vendidos para a região são agrícolas, como soja e carne bovina.

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"Uma coisa é o Trump jogar no Oriente Médio de acordo com seus interesses porque a balança comercial dos EUA com a região não é tão desfavorável assim, e a dependência norte-americana do petróleo daquela região faz com que os árabes não se voltem contra Washington, mesmo que Washington tome medidas e políticas pró-Israel. Já não é o nosso caso", diz Mortean.

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