A confusão começou quando internautas resgataram uma entrevista antiga, na qual o general defendia a regulamentação das redes sociais no Brasil. Incitados por Olavo, internautas fizeram subir a hashtag #ForaSantosCruz, chamando o militar de "traidor" e "comunista". Longe de colocar fim na discussão, Bolsonaro usou o Twitter para manifestar admiração pelo astrólogo e pelos colegas militares, declarando que a questão era "página virada" em Brasília.
O Santos Cruz é a última esperança que os petistas têm de continuar mamando dinheiro do governo.
— Olavo de Carvalho (@opropriolavo) 7 de maio de 2019
Para o cientista político e professor da UFRJ, Paulo Baía, a disputa entre "a ala ideológica e os militares é algo que boicota o governo como um todo". O especialista diz acompanhar com preocupação os ataques se tornarem ofensas à "honra pessoal" dos generais na Esplanada dos Ministérios e considera ser necessária uma postura mais firme do presidente Jair Bolsonaro.
"Bolsonaro precisa ser cristalino sobre a questão para evitar o crescimento do conflito. Os militares são mais organizados e pela tradição de estudos, conhecem bem os problemas do Brasil. A postura mais comedida atrapalha disputas ideológicas de outros envovidos porque eles possuem solidez [construída] na formação e ao longo da trajetória profissional. Ninguém chega a general do nada", critica Baía.
O professor avalia que a guerra informacional também tem atingido outros membros prestigiados do governo.
"A ala ideológica vem atacando o General Santos Cruz [ministro da Secretaria da Presidência], o assessor especial general [Eduardo] Villas Bôas, ambos com um discurso técnico e ponderado. Esses ataques tem prejudicado a eficiência governamental, gerando um clima de insegurança que não se restringe apenas aos dois grupos, fazendo a presidência patinar. Vejo não uma discussão de pontos de vista diferentes em busca de um projeto melhor e sim uma postura de destruição da [reputação] das instituições militares", diz Paulo, para quem a postura de Olavo e dos filhos de Bolsonaro "boicota o governo como um todo".
"Em algum momento, ele [Jair Bolsonaro] uma posição incisiva quanto a este momento que já saiu da disputa político-ideológica para ofensas graves a nível pessoal, à honra das pessoas".