Esta é a conclusão de Julian Kerbis Peterhans, pesquisador do Museu Field de História Natural, professor da Universidade Roosevelt e autor principal de um novo estudo no Journal of East African Natural History.
Já o coautor do estudo Tom Gnoske afirmou que "nós sabemos de mais de quarenta anos de pesquisa comportamental contínua desde 1960 que leões preferem grandes animais com cascos como antílopes, zebras e búfalos", adicionando que "os dados sugerem que, quando os leões são relegados a comer porcos-espinhos, já há um problema com o suprimento local de comida. Registros históricos nos dizem que quando as condições ambientais se deterioram, particularmente em áreas onde leões e suas presas preferidas já estão vivendo no limite, eles [leões] acabam entrando em sérios problemas com humanos próximos ou com o gado deles".
Em livros que contam viagens de aventureiros europeus pela África, é comum encontrar histórias de personagens que enfrentam leões comedores de humanos.
A temática de escritores pode ser vista na realidade. Por exemplo, os famosos comedores de homens de Tsavo, um par de leões de Uganda que foram culpados por incontáveis mortes de trabalhadores que construíam uma ferrovia no oeste do Quênia. Em pouco tempo, a dupla felina matou inúmeras pessoas, e nem sempre para devorá-las.
Pode ser que os leões de Tsavo matavam as pessoas por prazer ou pela carne humana. Ataques de leões a humanos sempre foi um tema abordado por pesquisadores, visto que mesmo sendo carnívoros, quando há outra comida, humanos não entram no cardápio de leões.
A maioria dos pesquisadores acredita que ataques de leões a pessoas estejam ligados ao desaparecimento de outra fonte de alimentação por causa de epidemias e catástrofes. Outros associam esse tipo do comportamento a traumas graves, por exemplo, dentes caninos danificados, o que dificulta a caça.
Julian Kerbis Peterhans e seus colegas revelam outra hipótese, investigando a história de relações entre o rei da selva e a caçada mais espinhosa – o porco-espinho-sul-africano. Encontros entre leões e porcos-espinhos levam a regiões da África com o clima muito seco e o número de potenciais vítimas era relativamente baixo. Naqueles mesmos lugares foram notados ataques a pessoas.
Mas tentativas de comer porco-espinho, em regra, acabam mal para o carnívoro: leões não só ficam sem almoço, mas acabam com alguns espinhos perfurando o focinho e a gengiva, o que causa inflamação e supuração, além da dor insuportável que provavelmente não lhes permite farejar e que os leva a caçar grandes animais. Tais espinhos foram encontrados em 1965 em crânios de leões mortos.
Estas conclusões ajudam aos ecólogos e aos governos dos países africanos, onde grandes gatos frequentemente atacam pessoas, e estimar a probabilidade de aparecimento de novos leões comedores de humanos. Deste modo é possível proteger os habitantes apanhando os carnívoros e os levando a outros lugares da África mais ricos em comida, permitindo, assim, salvar vida tanto dos felinos como das vítimas bípedes.