Em viagem à Itália desde o dia 6, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, reuniu-se na última quarta-feira (8), em Roma, com o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, que desde as eleições presidenciais brasileiras manifestou apoio a Jair Bolsonaro.
Felice di aver incontrato oggi al @Viminale il ministro degli Esteri brasiliano @ernestofaraujo. Grande sintonia e grande amicizia tra i nostri governi e i nostri popoli. 🇮🇹🇧🇷 pic.twitter.com/bcACDaKMvr
— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) 8 de maio de 2019
Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista em relações internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Maurício Fronzaglia, afirmou que, mais do que uma agenda pragmática de cooperação econômica, a motivação da visita do chanceler brasileiro à Itália está ligada à proximidade ideológica que os governos dos dois países compartilham atualmente.
"Essa visita parece ter como estímulo principal se aproximar de países que tem governos com políticos que têm uma convergência ideológica com o governo brasileiro. Não é uma visita mais baseada na questão do pragmatismo dos interesses do Estado, que é mais comum acontecer. [A visita] está sendo moldada pela proximidade ideológica entre o governo brasileiro e o governo destes países", argumenta o especialista.
Ao ser questionado sobre qual seria este alinhamento ideológico do Brasil com os quatro países que o ministro irá visitar (além da Itália, Ernesto Araújo viaja nesta semana para Polônia e Hungria), Maurício Fronzaglia afirmou que estes governos são marcados por uma ascensão da nova direita, assim como o Brasil.
Ele observou, entretanto, que este não é um fenômeno que está restrito a esses países, sendo a ascensão de governos que se identificam no espectro da direita um fenômeno muito presente no mundo hoje.
Ao comentar a nota divulgada pelo Itamaraty sobre a visita do chanceler brasileiro à Itália, Fronzaglia observou que o comunicado sobre a viagem de Ernesto Araújo tem um caráter bem genérico, justamente porque "retrata fielmente a realidade", porque "por agora, não há mais do que essa afinidade, essa convergência ideológica" entre os dois países.
"É a partir dela [afinidade ideológica] que a visita do chanceler tentará extrair outros frutos dessas relações, que, por ora, se baseia muito mais na proximidade ideológica", completou.