No início de maio, a mídia publicou uma imagem de satélite de um polígono estadunidense em que supostamente se poderia ver um sistema de mísseis antiaéreos russo S-300PT.
Esta modificação já foi retirada do serviço do Exército russo porque os fabricantes russos desenvolveram sistemas mais modernos e com maior alcance. Entretanto, estas armas são de grande importância para os EUA, porque assim eles podem estudar não apenas o design do sistema, mas também aprender qual é seu uso táctico, opina o major-general Aleksandr Tazekhulakhov.
"Nos EUA existe o grande polígono de White Sands em que eles acumularam um ror de armas de diferentes modelos dos potenciais inimigos [dos EUA]. Com esses modelos, nomeadamente com os sistemas de defesa antiaérea, a aviação treina sua atuação: como ultrapassar corretamente esses sistemas e diminuir ao máximo sua eficácia", explicou ele.
"Claro que eles poderiam treinar com maquetas, mas o uso de um sistema real permite obter caraterísticas objetivas: energéticas ou, por exemplo, térmicas. Pode ser treinada sua busca [do sistema] no campo de batalha pelo aspeto externo, bem como aprender a encontrar o sistema a partir do espaço", explicou o especialista.
Viktor Murakhovsky, editor-chefe da revista russa Arsenal Otechestva (Arsenal da Pátria), por sua vez, duvida que os especialistas estadunidenses possam extrair alguma informação valiosa do S-300PT. Hoje em dia, o reconhecimento de radar pode oferecer mais informação útil para poder estudar as capacidades dos sistemas modernos.
"Praticamente todos os dias drones Global Hawk voam perto da região de Kaliningrado e na área da Crimeia. Os norte-americanos sonham com a possibilidade de que façamos entrar os nossos sistemas em regime de combate [para poderem recolher mais dados]", explicou ele.
O especialista está convencido que os EUA receberam os S-300PT da Ucrânia, que lhes teria entregue outras armas, como o sistema de guerra eletrônica Kolchuga, entre os anos 2005 e 2010, quando as autoridades ucranianas tomaram o rumo para a integração da Ucrânia na OTAN e com os EUA.
Protopopov sublinhou que os EUA se tornaram um comprador permanente de armas soviéticas, embora a maior parte desses acordos fosse feita de uma maneira discreta. Entretanto, alguns dados desses acordos foram confirmados. Assim, a Ucrânia forneceu aos EUA dezenas de veículos de combate de infantaria entre 1993 e 2014, bem como tanques e aviões.
Além disso, após o colapso da União Soviética a Ucrânia ficou com dezenas de fábricas com documentação tecnológica e de projeto. Esses documentos se converteram na mercadoria que gozava da maior demanda, explicou o autor do artigo.