O líder da oposição, Juan Guaidó, pediu aos militares que mudem de lado no mês passado, mas apenas um punhado de soldados atendeu a sua convocação no dia 30 de abril. O governo de Maduro lançou uma ofensiva contra legisladores da oposição supostamente ligados à tentativa.
"O processo que está em vigor desde janeiro […] é irreversível com todo o apoio internacional para uma transição democrática. Não há como o regime de Maduro permanecer no poder indefinidamente", afirmou Ernesto Araújo à Agência Reuters em Paris.
O governo de direita do presidente Jair Bolsonaro juntou-se a mais de 50 outras nações ao reconhecer Guaidó como o líder legítimo da Venezuela.
"A questão hoje são os arranjos necessários para os militares venezuelanos aderirem ao governo legítimo. Achamos que é necessário que os militares venham a aderir, mas a forma que tomará depende dos venezuelanos", disse Araújo, falando em inglês.
Apesar das sanções dos EUA, os altos escalões militares da Venezuela ignoraram amplamente as súplicas da oposição e Washington para se voltar contra Maduro. Um pouco mais de 1.000 soldados desertaram, principalmente para a Colômbia e o Brasil.
Araújo, que estava em Paris para uma reunião da OCDE no momento em que Brasília se aproxima da organização, avaliou não acreditar que a intervenção estrangeira na Venezuela fosse necessária e que os esforços econômicos e diplomáticos estavam isolando Maduro.
"As forças dentro da Venezuela estão ganhando força contra o regime de Maduro e a crescente percepção é de que é apenas uma questão de tempo", acrescentou.
Juntamente com a Colômbia, o Brasil apoiou uma iniciativa da oposição para entregar ajuda humanitária dos EUA ao seu vizinho em fevereiro, mas Maduro fechou a única fronteira formal.
Por causa do fechamento da fronteira, centenas de venezuelanos diariamente estavam subornando funcionários da Guarda Nacional enquanto tentavam entrar no Brasil ao longo de trilhas indígenas que cruzam a savana queimada pelo sol. A fronteira foi reaberta desde então.
O colapso econômico da Venezuela deixou cerca de um quarto de seus 30 milhões de pessoas necessitadas de assistência humanitária, informou a ONU.
A tentativa de entregar ajuda "fracassou porque a ajuda não foi aprovada, mas politicamente mostrou que é um regime que vai ter fim em nada", completou Araújo.