"O que ele [Moro] fez não tem preço. Ele realmente botou para fora, mostrou as vísceras do poder, a promiscuidade do poder no tocante à corrupção", declarou Bolsonaro, citado pelo jornal Folha de S. Paulo, após um evento no Palácio do Planalto, em Brasília.
"A Petrobras quase quebrou, fundos de pensão quebraram, o próprio BNDES - eu falei há pouco aqui [no evento] - nessa época R$ 400 bilhões e pouco entregues para companheiros comunistas e amigos do rei aqui dentro", acrescentou.
O presidente questionou a veracidade do conteúdo que foi publicado pelo The Intercept Brasil no último domingo, no qual, por meio de mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol entre 2015 e 2018, poderia haver, segundo o site, a caracterização de uma perseguição sistemática ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"[Moro] faz parte da história do Brasil", prosseguiu Bolsonaro. "Se vazar o meu [celular] aqui, tem muita brincadeira que eu faço com colegas ali que vão me chamar de novo de tudo aquilo que me chamavam durante a campanha. Houve uma quebra criminosa, uma invasão criminosa, se é que [...] está sendo vazado é verdadeiro ou não", afirmou.
As declarações de Bolsonaro foram acompanhadas de uma reiterada retórica em favor do combate à corrupção.
"Normal é conversa com doleiro, com bandidos, com corruptos, isso é normal? Nós estamos unidos do lado de cá para derrotar isso daí. Ninguém forjou provas nesta questão do Lula", provocou ao ser questionado por repórteres.
A demora de Bolsonaro em sair em defesa de Moro levantou suspeitas de que o Planalto estaria temerário com os rumos do caso em torno dos vazamentos. Contudo, na noite desta quarta-feira, o presidente e o seu ministro foram ao estádio Mané Garrincha, em Brasília, para acompanhar o jogo entre CSA e Flamengo.
O ex-capitão do Exército exaltou a recepção – compartilhada em suas redes sociais – que a dupla recebeu em pleno Dia dos Namorados no estádio.
"Eu dei um beijo hétero no nosso querido Sérgio Moro. Dois beijos héteros [...]. Fomos aplaudidos, coisa que só acontecia lá atrás, quando o [ex-presidente militar Emílio Garrastazu] Médici ia ao Maracanã", completou.