No mês passado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, discutiu na Argentina a possibilidade de uma moeda conjunta. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) embarcou na tese e afirmou: "É o primeiro passo para um sonho de uma moeda única. Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui."
Nesta semana, durante a 54ª cúpula de Presidentes do Mercosul, na província argentina de Santa Fé, Guedes voltou a falar sobre o assunto, mas colocou a moeda como um plano no "horizonte mais distante".
O ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, preferiu um tom mais otimista e disse achar o peso real "muito interessante" e anunciou um estudo para analisar a medida.
"Em algum momento, o Banco Central de algum país pode precisar aumentar a taxa de juros enquanto outro precisa reduzir. Com uma moeda única, isso não é possível. A moeda única implica uma política monetária única", afirma o economista Pedro Vartanian à Sputnik Brasilk.
De acordo com o professor do Mackenzie, uma moeda única pode acarretar em uma sinergia econômica maior e facilitar a integração, mas requer um alinhamento que atualmente não existe entre as economias de Brasil e Argentina. Como exemplo, cita as discrepantes taxas de inflação dos dois países.
"A Argentina não tem uma inflação tão grave quanto a da Venezuela, mas é muito maior do que a inflação brasileira."
Ainda de acordo com Vartanian, a implementação de uma moeda única é "improvável" no curto prazo e requer um planejamento longo.