Torturas parecidas com as de Guantánamo: desvendados mais fatos sobre prisão secreta na Ucrânia

© Sputnik / Aleksandr MaksimenkoSoldados do regimento ucraniano Azov
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A Sputnik teve acesso a novas evidências da existência de uma prisão secreta localizada na cidade de Mariupol, na parte da região de Donetsk controlada por Kiev.

Para além das fotografias e declarações prestadas por um ex-agente do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU), existem outras evidências da existência dessa estrutura, reforçadas com provas de tentativas de a ocultar, em um documento do SBU obtido acidentalmente pela República de Donetsk. De acordo com essa informação, a prisão ainda existia em novembro-outubro de 2018.

Tudo isso se deve ao fato de um funcionário da junta de recrutamento militar ucraniana, Yuri Aushev, ter passado no início deste ano para o lado da República de Donetsk. Ele demitiu-se do serviço ao ficar desiludido com as Forças Armadas da Ucrânia.

Na junta de recrutamento militar, Aushev era também responsável pela segurança interna, por isso ele tinha instalado um programa específico nos computadores da junta militar que gravava todas as operações que eram neles executadas.

No início isto fazia parte das suas obrigações, mas quando decidiu passar para o lado de Donetsk (controlado pelas forças da república popular) ele percebeu que, com estas informações, seria melhor recebido pelas autoridades de Donetsk.

Como resultado, as autoridades da república autoproclamada tiveram acesso a milhares de diferentes documentos.

Segundo mostra essa informação, existem casos de pessoas terem sido presas por mera coincidência, só por usarem a fita de São Jorge (símbolo reconhecido da memória do povo soviético que lutou na Grande Guerra Patriótica), ou terem uma foto suspeita no celular.

Torturas horríveis sofridas por Pavel Karakosov 

No verão de 2014, um habitante de Mariupol, veterano da guerra no Afeganistão, Pavel Karakosov, era taxista e passava informação de inteligência à República Popular de Donetsk.

Pavel acabou por se tornar mais uma vítima dos militares do regimento Azov, mas não era uma vítima escolhida ao acaso, ele era um apoiante ativo da república autoproclamada de Donetsk, um dos organizadores do referendo de 11 de maio, estando há muito tempo na mira dos militares ucranianos.

O taxista acabou por passar sete dias na prisão do aeroporto, foi espancado por 15 homens e metido na câmara de resfriamento.

Com o decorrer do tempo, ele conheceu toda a diversidade de torturas usadas pelos militares ucranianos.

"A prática [de tortura] era parecida com a americana de Guantánamo. As pessoas eram colocadas no chão viradas de cara para cima, com braços e pernas abertos, punham um trapo na cabeça, deitando água por cima. A sensação é de você estar sendo afogado, durante as inspirações intensivas de ar entravam também partículas de água. […] eu tive um mini acidente vascular cerebral", conta Pavel Karakosov.

Outra tortura pela qual Pavel Karakosov passou foram as "tesouras": as palmas da mão eram colocadas em cima de um carril de ferro, e outro carril era lançado do alto, esmagando assim os dedos; enfiavam também agulhas por baixo das unhas, Karakosov passou por isso e muito mais.

A prisão e enterramentos podem ainda existir

Daria Morozova, provedora dos direitos humanos da República de Donetsk e encarregada da troca de prisioneiros entre a Ucrânia e a República de Donetsk, pensa que a prisão no aeroporto ainda pode estar em funcionamento.

"Nos chegam mensagens [sobre a prisão] mesmo daqueles que foram detidos em 2018-2019. As torturas eram usadas em Mariupol, as pessoas eram severamente espancadas, torturadas, e estranguladas. Todo o tipo de métodos horríveis de violência física e psicológica eram usados precisamente em Mariupol", informou Morozova à Sputnik.

Ela pensa que é possível que haja sepulturas secretas dos restos dos reclusos deste tipo de prisões.

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