A "Conferência Internacional pela Democracia na Venezuela", convocada pelo Grupo de Lima, teve início com um apelo do Peru para somar esforços para conseguir uma mudança de governo na Venezuela.
O encontro não terá representantes dos países que apoiam o governo de Nicolás Maduro, como Cuba, Rússia, China e Turquia, que rejeitaram o convite.
Na noite de segunda-feira (5), os Estados Unidos anunciaram sanções econômicas totais contra o governo da Venezuela, congelando todos os bens do governo de Nicolás Maduro e proibindo transações com ele. Esta foi a primeira vez que o governo dos EUA toma esse tipo de ação contra um governo ocidental em mais de 30 anos.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Rafael Araújo, professor de Relações Internacionais da UERJ, especialista em política e história da Venezuela, disse que o Grupo de Lima tenta conseguir protagonismo nas negociações sobre a Venezuela.
"Essa iniciativa do Grupo de Lima é de fazer com o que o grupo criado em agosto de 2017 tenha um protagonismo de articulação de uma possível saída para a Venezuela", analisou.
No entanto, para Araújo, o protagonismo que o Grupo de Lima tenta obter não invalida o outro polo de negociação montado na Noruega, que reúne a oposição e o governo de Maduro, e que vem sendo palcos de reuniões para tentar encontrar uma saída para a crise no país sul-americano.
Rafael Araújo aponta que a tentativa de protagonismo do Grupo de Lima se dá ao fato do bloco buscar uma saída através da presidência interina de Juan Guaidó. Enquanto na Noruega, que conta com a participação de Rússia, China, Cuba e Turquia, se busca uma solução negociada entre a oposição e o governo de Maduro.
Para o especialista, as sanções dos EUA impostas um dia antes da reunião apontam para a essa tentativa de protagonismo do Grupo de Lima de tentar tirar Nicolás Maduro do poder.
"Eu não diria que há uma tentativa do Grupo de Lima de concorrer com a Noruega, já que a Noruega vem negociando de forma bilateral com o governo e com a oposição, é mais uma tentativa. Nesse cenário, não é coincidência as sanções que o governo norte-americano anunciou em relação a Venezuela", explicou.
Rafael Araújo disse que, por outro lado, Rússia, China, Cuba e Turquia boicotam a reunião do Grupo de Lima justamente pelo bloco representar o desejo de uma saída para a crise na Venezuela sem a permanência de Maduro no poder.
“A postura desses 4 países não é um boicote a uma articulação de paz, mas há uma iniciativa do Grupo de Lima que é encarnada por governos que são radicalmente contrários a Nicolás Maduro”, completou.