Europa pode ter uma nova crise de refugiados maior do que a de 2015, diz ministro alemão

© REUTERS / Alexandros AvramidisRefugiados e migrantes estão dormindo perto da fronteira entre a Grécia e Macedônia, 6 de setembro de 2015
Refugiados e migrantes estão dormindo perto da fronteira entre a Grécia e Macedônia, 6 de setembro de 2015  - Sputnik Brasil
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A Europa poderá em breve enfrentar um afluxo maciço de refugiados e migrantes que será ainda maior do que no auge da infame crise de 2015, alertou o ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, pedindo ajuda à Grécia e à Turquia.

"Precisamos fazer mais para ajudar nossos parceiros europeus no controle das fronteiras externas da UE [União Europeia]. Nós os deixamos sozinhos por muito tempo", disse o ministro ao jornal alemão Bild am Sonntag, após sua visita à Grécia e à Turquia, onde também discutiu políticas de migração.

"Se não o fizermos, enfrentaremos novamente uma onda de refugiados como em 2015 ou talvez ainda maior", acrescentou.

Seehofer também alertou que, se a Europa não encontrar "força para resolver este problema", poderá ver uma "perda de controle" caso ocorra outra crise de refugiados. O ministro, que falou com os turcos e os gregos ao lado da futura presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, prometeu que os dois países farão "tudo para que isso não aconteça novamente".

Ele já prometeu mais apoio para ambas as nações, embora essas promessas ainda não tenham sido traduzidas em etapas específicas. As opções para a Grécia envolvem o envio de agentes de migração alemães e especialistas em tecnologia da informação (TI) para treinar a equipe local e ajudar com pedidos de asilo e processamento de dados, além de reforçar as forças da guarda costeira. É Atenas que decide o tipo de assistência necessária.

Quanto à Turquia, Seehofer disse que "é claro que não podemos gerenciar o futuro com os recursos do passado", aparentemente referindo-se ao acordo de 2016 entre Bruxelas e Ancara. A Turquia concordou em receber de volta os refugiados que chegam à costa da Grécia em barcos em troca de assistência financeira e a Europa levando alguns refugiados diretamente do território turco.

© REUTERS / Susana VeraParticipantes de uma manifestação que demanda uma mudança na política europeia em relação aos refugiados, Madri, Espanha
Europa pode ter uma nova crise de refugiados maior do que a de 2015, diz ministro alemão - Sputnik Brasil
Participantes de uma manifestação que demanda uma mudança na política europeia em relação aos refugiados, Madri, Espanha

No entanto, quando perguntado sobre quanto dinheiro a Turquia deveria receber além dos 6 bilhões de euros (US$ 6,59 bilhões) obtidos no acordo de 2016, Seehofer afirmou que não pode tomar essa decisão sozinho.

Embate com Erdogan

As declarações do ministro alemão de fato ocorrem em meio a um número crescente de recém-chegados às costas gregas. Segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mais migrantes passaram da Turquia para a Grécia por via marítima nos nove meses deste ano do que em 2018.

O jornal alemão Welt am Sonntag citou um relatório interno da comissão da UE dizendo que mais de 46.000 refugiados e migrantes chegaram à UE da Turquia no final de setembro, o que é 23% a mais do que no mesmo período do ano passado. O mesmo documento diz que são esperados mais 25.000 até o final de 2019. Esses números ainda são muito inferiores aos números de 2015, quando a Europa viu quase um milhão de refugiados.

Em meados de setembro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan ameaçou abrir comportas para refugiados na Europa se Bruxelas não ajudar Ancara em seus planos de criar uma "zona segura" de 32 km de largura no nordeste da Síria atualmente detida pela milícia curda do YPG, que a Turquia considera terroristas.

"Se você não puder aceitar esse negócio, abriremos os portões. Deixe eles [refugiados] partirem de onde quiserem", declarou Erdogan à Agência Reuters na época. Ele também repreendeu a UE dizendo que a assistência financeira que a Turquia recebeu da Europa é insuficiente e que seu país já gastou US$ 40 bilhões em hospedar 3,6 milhões de pessoas, que fugiram para a Turquia desde 2011, quando o conflito na Síria eclodiu.

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