O conflito entre a Índia e o Paquistão recebeu uma plataforma inesperada na reunião sobre o Avanço das Mulheres nas Nações Unidas, tornando-se objeto de disputa verbal entre representantes femininas dos dois países.
Quando Maleeha Lodhi, representante do Paquistão na ONU, tomou a palavra, ela falou da "situação das mulheres que vivem sob ocupação" na região disputada. A diplomata argumentou que o bloqueio, imposto pelas autoridades indianas, exacerbou a "dor e sofrimento" das mulheres.
Para provar seu argumento, ela se referiu à recente fotografia de primeira página do jornal The New York Times que descrevia uma mulher que perdeu seu filho de 22 anos depois que ele foi mordido por uma cobra porque ela não conseguiu encontrar um antídoto a tempo de salvá-lo.
"Todos os atores do sistema das Nações Unidas devem abordar esta situação terrível e inaceitável", prosseguiu ela.
Paulomi Tripathi, a primeira-secretária da missão indiana na ONU, rapidamente revidou. Ela evitou nomear diretamente o Paquistão, dizendo em vez disso "uma delegação optou por politizar esta agenda fazendo referências injustificadas a assuntos internos do meu país".
Tripathi continuou: "À medida que cobiçam território de outras pessoas, camuflam suas intenções vis com preocupações falsas".
Ela deu um golpe final no Paquistão, dizendo que é "irônico" que uma nação, onde "violações do direito à vida das mulheres em nome da 'honra' não sejam punidas", esteja fazendo declarações "infundadas" sobre seu país.
O governo indiano revogou a autonomia da Caxemira em agosto e intensificou as medidas de segurança na área, insistindo que ajudaria a conter o terrorismo e levaria a mais desenvolvimento econômico. A mudança, no entanto, irritou gravemente o Paquistão, que reivindica todo o território da Caxemira e diz que Nova Déli não tem o direito de alterar unilateralmente seu status.
Nas últimas semanas, autoridades paquistanesas alertaram que há um risco real de uma guerra nuclear entre os dois países, caso as tensões não sejam aliviadas.