Recentemente, o presidente americano Donald Trump ameaçou "destruir por completo" a economia da Turquia se o país fizer algo que não agrade aos EUA no Norte da Síria.
O presidente americano reiterou que Ancara, juntamente com outros países europeus, "deve controlar os combatentes do Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em vários outros países) e suas famílias", adicionando que os EUA fizeram "muito mais do que qualquer um esperava, incluindo a captura de 100% do califado do Daesh".
Segundo os jornalistas do portal Vesti Finance, as ferramentas que poderiam ser usadas para prejudicar o setor econômico turco são: a lira (moeda turca), a dívida pública, sanções, mercado do aço e gastos militares.
Mercado de câmbio
Os EUA podem lançar uma campanha midiática contra a Turquia para que os especuladores comecem a livrar-se da lira turca, contribuindo assim para o colapso da sua taxa de câmbio perante ao dólar.
Esta ferramenta pode influenciar seriamente a economia turca porque hoje Ancara é uma importadora de petróleo e precisa de dólares para comprá-lo. Quanto mais barata for a lira, mais dinheiro Ancara terá de gastar para comprar petróleo bruto e, consequentemente, mais a sua situação financeira se deteriorará.
"O mercado de divisas turco não é assim tão grande. Os EUA não terão muitos problemas em derrubá-lo se o Banco Central turco não tomar medidas extraordinárias", escrevem os autores do artigo.
Dívida pública
Os especuladores são capazes de provocar facilmente flutuações no mercado de títulos de qualquer país quando o mundo atravessa um período de instabilidade financeira. Estas flutuações podem causar graves problemas econômicos a um país com grande dívida pública. Quando mais os rendimentos das obrigações crescem, mais aumentam os custos de pagamento da dívida.
"Se ao problema se juntar a uma moeda enfraquecida, a situação pode tornar-se um verdadeiro pesadelo para as autoridades turcas", dizem os jornalistas russos.
Tática de sanções
Os EUA também podem usar a sua arma favorita, as sanções, para infligir um duro golpe na economia da Turquia. Washington tem usado repetidamente este método para subjugar outros países.
O senador americano Lindsey Graham já ameaçou Ancara com sanções, enfatizando que qualquer incursão turca no norte da Síria será um pesadelo para a região e para os interesses da segurança nacional dos EUA.
"O Congresso reagirá aplicando sanções severas à economia e ao setor militar da Turquia em um momento em que teríamos que trabalhar juntos para resolver problemas comuns", disse ele.
Setor metalúrgico
Atualmente, a Turquia é a maior exportadora de aço para a União Europeia. Os EUA podem teoricamente proibir os países do bloco europeu de fazer negócios com Ancara neste setor.
Caso isso aconteça, as empresas europeias podem recear ser afetadas pelas sanções americanas e começar a procurar alternativas ao aço turco.
Gastos militares
Depois da conversa telefônica entre os presidentes turco e americano, os EUA praticamente deram luz verde para a operação turca no Nordeste da Síria e viraram costas para as Forças Democráticas Sírias (SDF), que tinham anteriormente desfrutado do apoio dos EUA. O passo dado por Washington mostrou que o país não é um parceiro confiável, embora Trump tenha mudado repetidamente suas decisões.
"Se os EUA decidirem voltar a apoiar as milícias curdas, Ancara corre o risco de ficar atolada no conflito sírio, o que implica a necessidade de gastar grandes recursos financeiros. Como resultado, essas medidas vão acelerar o crescimento do déficit orçamentário do país otomano", concluem os jornalistas.
No início de outubro, Erdogan informou que os militares norte-americanos estão deixando os territórios do Norte da Síria, onde a Turquia planeja lançar uma operação militar contra as forças curdas, que os turcos consideram terroristas. Os EUA declararam que não participariam nesta operação e procederam à retirada das suas tropas da região.