Com 405 votos a favor e apenas 11 contra, a Casa aprovou uma resolução reconhecendo e condenando o assassinato de aproximadamente 1,5 milhão de armênios, entre 1915 a 1923, pelas autoridades do Império Otomano, evento que o governo turco, na qualidade de herdeiro, sempre tentou negar, argumentando, entre outras coisas, que as alegações de genocídio não levam em consideração que cidadãos turcos também foram mortos nesses massacres.
"Muitos políticos, diplomatas e instituições americanas reconheceram corretamente essas atrocidades como um genocídio, incluindo o embaixador dos EUA no Império Otomano na época, Henry Morgenthau, e [o ex-presidente] Ronald Reagan", disse o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, Eliot Engel, do Partido Democrata, citado pelo The Hill. Ele afirmou que "apenas iluminando as partes mais sombrias da nossa história podemos aprender a não repeti-las".
Os três principais pontos do projeto pedem que os EUA prestem homenagens às vítimas do genocídio armênio, rejeitem esforços para negar o genocídio e trabalhem para educar o público sobre os detalhes que cercam a atrocidade.
Logo após a aprovação do texto na Câmara, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, usou as redes sociais para criticar os deputados norte-americanos:
— Mevlüt Çavuşoğlu (@MevlutCavusoglu) 29 de outubro de 2019
Grande jogo arruinado com a operação Fonte de Paz. Aqueles cujos projetos foram frustrados recorrem a resoluções antiquadas. Os círculos que acreditam que se vingarão dessa maneira estão equivocados. Essa decisão vergonhosa daqueles que exploram a história na política é nula e sem efeito para nosso governo e povo.
Esse genocídio ocorrido em meio à Primeira Guerra Mundial foi reconhecido como tal pela Rússia, por vários países da União Europeia e pelo Conselho Mundial de Igrejas, entre outros. No início deste ano, o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou a data de 24 de abril como o Dia da Memória do Genocídio Armênio no país.
Embora o Brasil não reconheça oficialmente tal atrocidade, em 2015, o Senado brasileiro aprovou uma resolução reconhecendo o genocídio, decisão que desencadeou fortes tensões com a Turquia à época, levando Ancara a convocar o embaixador turco em Brasília para consultas.