O último chefe da União Soviética ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1990 por negociar com Ronald Reagan um tratado histórico de redução de armas nucleares do qual o atual presidente dos EUA, Donald Trump, se retirou neste ano.
A decisão de Gorbachev de não enviar o Exército soviético para a Alemanha Oriental quando o Muro de Berlim caiu 30 anos atrás foi vista como crucial para preservar a paz durante a Guerra Fria. Mas ele continua sendo uma figura de ódio para muitos russos por permitir o colapso do império soviético.
Aos 88 anos, ele disse à rede britânica BBC em Moscou que o mundo não está seguro, apesar dos esforços anteriores de limitação de armas.
"Embora existam armas de destruição em massa, e especialmente nucleares, é [um] perigo colossal", declarou em entrevista que foi ao ar nesta segunda-feira. "Todas as pessoas precisam declarar claramente - todas as pessoas - que as armas nucleares devem ser destruídas. Dessa forma, estaremos salvando a nós mesmos e ao planeta".
Gorbachev comentou que a rivalidade do século 20 entre Moscou e Washington foi substituída por novos desafios que colocam o mundo em estado de guerra permanente.
"É tranquilo, mas é uma guerra", pontuou, rindo. "A atmosfera está toda errada".
Gorbachev se tornou um crítico do presidente russo Vladimir Putin e de sua abordagem de braço forte à política doméstica e aos assuntos internacionais.