John Barnett, que antes trabalhou como engenheiro de controle de qualidade da Boeing, revelou à BBC que até 25% dos sistemas de oxigênio dos aviões 787 Dreamliner de última geração podem estar defeituosos e não funcionariam em uma emergência.
Em 2016, o engenheiro testou 300 dos 787 sistemas de oxigênio Dreamliner e descobriu que 75 deles não estavam funcionando como exigido, particularmente em uma situação de emergência. No entanto, suas tentativas de fazer algo a respeito provocaram resistência da administração.
John Barnett também afirmou que em pelo menos uma fábrica da Boeing, onde é montado o 787 Dreamliner, esses sistemas defeituosos foram deliberadamente instalados.
"Baseando-se nos meus anos de experiência e na minha história de acidentes aéreos, acho que é apenas uma questão de tempo até que algo grande aconteça a um 787", advertiu, acrescentando que os problemas de qualidade do Dreamliner 787 se devem à pressa com que o modelo estava sendo preparado para a produção em massa.
Pessoas viajando a mais de 10.500 quilômetros ficariam inconscientes em menos de 60 segundos sem o oxigênio fornecido pelas máscaras respiratórias. A cerca de 12.000 quilômetros de altura, os tripulantes de um avião permaneceriam conscientes por cerca de 20 segundos antes de sucumbir à privação de oxigênio e provavelmente sofrer danos cerebrais potencialmente fatais no processo.
Resposta da Boeing
A Boeing, por sua vez, insistiu que os sistemas de oxigênio defeituosos fossem retirados da produção e que a questão fosse discutida com o fornecedor da empresa.
A empresa ressaltou que "segurança, qualidade e integridade estão no centro dos valores da Boeing" e observou que cada sistema instalado é rigorosamente testado para "garantir que funcione adequadamente". A Boeing também acrescentou que os sistemas são testados regularmente durante o serviço.
Falhas do modelo 737
A empresa está sob intenso escrutínio após duas catástrofes aéreas envolvendo seus aviões 737 MAX: o desastre da Ethiopian Airlines, que deixou 157 pessoas mortas, e o desastre da Lion Air, no qual morreram 189 pessoas.
Mais de 50 aviões Boeing 737 NG, precursores do problemático 737 MAX, foram proibidos de voar desde 3 de outubro devido a fissuras em uma parte do avião que segura a asa à fuselagem, uma peça conhecida como garfo de picles.
Houve mais retrocessos só nesse mês. Um relatório feito por agências independentes acusou a Agência de Aviação dos Estados Unidos (FAA) e a Boeing de permitirem o uso do 737 MAX com falhas técnicas. Foram reveladas mensagens de texto trocadas entre dois funcionários da Boeing em testes de 2016 que indicam que eles sabiam dos problemas técnicos do modelo 737 MAX.
Vale destacar que a companhia aérea russa Aeroflot cancelou um pedido de compra de 22 modelos 787 em meio a constantes escândalos com o modelo 737.