Ameaça de conflito no Ártico é 'sensacionalismo' que 'vende muito bem', diz mídia francesa

© Sputnik / Pavel LvovSoldado durante treinamento na região de Murmanks, no Ártico.
Soldado durante treinamento na região de Murmanks, no Ártico.  - Sputnik Brasil
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Apesar das incertezas climáticas e do fortalecimento das forças russas e norte-americanas na região, o risco de um conflito militar ou econômico na região do Ártico é "exagerado", diz especialista francês.

O professor da Escola de Relações Internacionais de Paris Mikaa Mered conversou com o jornal francês Le Figaro sobre a remilitarização da região do Ártico declarando: as previsões de um conflito militar e econômico na região são fruto do sensacionalismo.

"O sensacionalismo midiático e político sobre o comércio e, mais ainda, sobre a possibilidade de um conflito armado entre as grandes potências no Ártico é excessivo, mas vende muito bem", disse Mered.

O especialista reconhece que Rússia e EUA estão reconstruindo rapidamente suas forças no Ártico, mas lembra que a presença militar ainda é "uma fração da força que eles possuíam [na região] durante a Guerra Fria".

"Os Estados Unidos são líderes em matéria de submarinos e ações furtivas, mas a Rússia dispõe de uma capacidade de projeção de superfície muito superior, graças a seu pessoal formado para operações em clima frio e à sua frota de quebra-gelos, de muito longe a maior do mundo", declarou.

Segundo Mered, os Estados Unidos ficaram mais de 40 anos sem construir nem uma unidade de navio quebra-gelo ou capacitado pessoal para conduzir operações no Ártico.

© Sputnik / Pavel Lvov / Acessar o banco de imagensSoldados russos durante sessões de treinamento da Frota do Norte, da Marinha Rússia, em operações de combate no Ártico
Ameaça de conflito no Ártico é 'sensacionalismo' que 'vende muito bem', diz mídia francesa - Sputnik Brasil
Soldados russos durante sessões de treinamento da Frota do Norte, da Marinha Rússia, em operações de combate no Ártico

"Os EUA deverão demorar oito anos para fabricar apenas um, a um custo superior a 800 milhões de dólares [cerca de R$ 3,5 bilhões], duas ou três vezes mais do que um quebra-gelo moderno russo ou chinês", disse Mered.

Para o autor do livro "Os mundos polares" ("Les Mondes Polaires", 2019, editora PUF), no entanto, o sensacionalismo em relação aos riscos de um conflito na região também subestima a cooperação entre a Rússia e os EUA no Ártico, uma vez que ambas as potências estariam interessadas em manter os atores externos fora da região.

"A Rússia deveria encorajar uma cooperação mais estreita com as sete outras potências árticas, inclusive com os Estados Unidos [...] A cooperação russo-americana na região entre o Ártico e o Pacífico continua boa. Sua mensagem conjunta é clara: somos nós quem controlamos o estreito de Bering", explicou o Mered.

A Rússia detém a maior frota de quebra-gelos da região do Ártico e é o único país do mundo a desenvolver quebra-gelos nucleares.

© Sputnik / Aleksandr Galperin / Acessar o banco de imagensQuebra-gelo russo Ivan Papanin durante cerimônia de lançamento em estaleiro de São Petersburgo, Rússia
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Quebra-gelo russo Ivan Papanin durante cerimônia de lançamento em estaleiro de São Petersburgo, Rússia

Em março deste ano, a Rússia inaugurou o primeiro quebra-gelo armado da região, chamado Ivan Papanin. O segundo quebra-gelo armado, Nicolai Zubov, tem o lançamento previsto para 2020.

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