Até o momento, a Dinamarca comprou 27 caças norte-americanos F-35, mas ao menos cinco deles ficarão permanentemente alocados na América do Norte.
"Alguns dos caças ficam nos Estados Unidos, porque os pilotos dinamarqueses serão treinados no Arizona, e em torno de 22 aviões virão para a Dinamarca" declarou Carla Sands, embaixadora dos EUA na Dinamarca, ao jornal Jyllands-Posten.
"Não são muitos aviões se comparamos com os 38-40 F-16 que vocês têm agora. De fato, trata-se de uma redução do número de aeronaves, então a Dinamarca deveria provavelmente considerar isso", acrescentou a diplomata norte-americana.
De acordo com o Ministério da Defesa dinamarquês, somente 30 caças F-16 estão operacionais.
Além disso, a embaixadora manifestou sua preocupação sobre a insuficiência de aeronaves da OTAN e capacidade de vigilância no Ártico, insistindo para que Copenhague cumpra suas promessas nestas áreas.
A embaixadora se referiu ao relatório de 2016 do Ministério da Defesa quanto às atividades no Ártico, no qual são expressas preocupações sobre a presença militar russa. Sands também acentuou que o relatório indicava um baixo número de satélites, o que reflete o fato de a Dinamarca não monitorar suficientemente o espaço aéreo e marítimo da Groelândia.
O orçamento militar é outro ponto delicado nas relações entre Estados Unidos e a Dinamarca. Os EUA pressionam os demais membros da OTAN a aumentar seus orçamentos de defesa para ao menos 2% de seu produto interno bruto (PIB), conforme decisão tomada na cúpula do bloco realizada no País de Gales.
A Dinamarca finalmente concordou com um aumento de 35,3 bilhões de coroas dinamarquesas (aproximadamente 22 bilhões de reais) em seu orçamento militar, passando de 1,35% do PIB para 1,5% em 2023, mas o montante ainda é bem abaixo do estipulado pelo acordo.
Anteriormente, Washington exigiu que cada país membro da OTAN apresentasse um plano de como aumentará o orçamento militar na reunião da organização em Londres, nos dias 3 e 4 de dezembro. Porém, não foram estipuladas quais seriam as implicações caso algum país não consiga alcançar as metas.
A ministra da Defesa dinamarquesa, Trine Bramsen, salientou que não existem planos para novas aquisições de caças. Disse também que o presidente Donald Trump não deveria esperar que Copenhague apresente um plano de aumento do orçamento militar na reunião em Londres.
Longe demais
Tanto os social-democratas como o Partido Popular Dinamarquês (de direita) concordam que Carla Sands foi longe demais ao dar instruções a Copenhague de como aplicar seu orçamento de defesa.
"É um disparate que a embaixadora dos EUA comece a apontar exatamente o que a Dinamarca deve comprar", disse o porta-voz de assuntos exteriores do Partido Popular Dinamarquês, Søren Espersen, ao jornal Altinget. Espersen considerou inaceitável e sublinhou jamais haver visto algo semelhante antes.
"Eu não sabia que ela era intermediária de aeronaves. Eu acreditava que ela fosse antes de tudo uma diplomata. Termos uma embaixadora que diz que devemos comprar um caça de determinado fabricante é algo sem precedentes", destaca o porta-voz social-democrata Bjarne Lautsen."Ela provavelmente não teria dito isso se tivéssemos optado pelos caças Eurofighter em vez dos F-35 como novo avião de combate da Dinamarca", conclui.
A Dinamarca receberá um total de 27 caças F-35 produzidos pela norte-americana Lockheed Martin entre 2023 e 2027. A compra dos aviões gerou um prolongado debate político no país escandinavo.