A alta foi uma reação dos investidores às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que o câmbio de equilíbrio "tende a ir para um lugar mais alto".
Na segunda-feira (25), o ministro disse, em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington, que "é bom se acostumar com juros mais baixos por um bom tempo e com o câmbio mais alto por um bom tempo".
Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista Otto Nogami, professor do Insper, disse que um dos motivos principais que levaram a alta do dólar é o ambiente político brasileiro.
"A tendência é que na medida que o ambiente econômico se normalize, a taxa de câmbio retroceda. Essa é pelo menos a percepção que a gente tem levando-se em conta que, teoricamente falando, a taxa de câmbio deveria estar em um patamar bem mais baixo", disse.
Segundo Otto Nogami, a curto prazo é possível que os efeitos mais imediatos no bolso do consumidor é de que ele verá um aumento no preço dos produtos, já que a indústria brasileira depende de produtos importados.
"A indústria vai depender do produto importado então há um arrefecimento com relação a produtos que se destinam ao consumo das famílias", afirmou.
O Brasil viu nos últimos meses uma piora dos números das suas contas externas. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o país teve déficit em transações correntes de US$ 45,657 bilhões nos dez primeiros meses deste ano, um aumento de 41% na comparação com o mesmo período de 2018.
Otto Nogami diz que o déficit em transações correntes faz com que o investidor estrangeiro se afaste do Brasil.
"O investidor estrangeiro direto, aquele que vem investir no setor produtivo da economia, sem dúvida alguma ele terá uma certa cautela em função do cenário que se apresenta", analisou.
De acordo com Otto Nogami a maneira como o governo do presidente Jair Bolsonaro se comunica acaba gerando uma incerteza na sociedade brasileira em relação à economia.
"Na medida que a própria sociedade começa a ter uma percepção de incerteza com relação tanto ao cenário político quanto ao cenário econômico, isso faz com que a percepção de uma retomada do crescimento acabe se postergando", completou o economista.