Em 2018, a Rússia começou a reduzir sua dependência de ativos denominados em dólares, vendendo praticamente a maioria dos títulos do Tesouro dos EUA que detinha há décadas. Ao mesmo tempo, começou a aumentar suas reservas de ouro, tornando-se o maior comprador do metal precioso em 2018.
A produção de ouro russo aumentou ao longo dos primeiros nove meses de 2019 em quase 11% em comparação com o ano anterior, de acordo com dados da União dos Produtores de Ouro da Rússia.
O aumento foi detectado em todo o espectro da produção do metal precioso, tanto na reciclagem de sucata de ouro como na mineração direta e na mineração de acompanhamento. Só a mineração direta de ouro aumentou 9,6% até 213.518 toneladas. O impulso na produção foi causado principalmente pelas usinas existentes, que incrementaram sua capacidade de produção, e por duas novas empresas atingindo sua plena capacidade operacional, o complexo de mineração Natalkinsky e a mina Gross da Nordgold.
À luz disto, a União dos Produtores de Ouro da Rússia confirmou sua previsão para a quantidade global de ouro a ser extraída pela Rússia até ao final de 2019, 350 toneladas. A Rússia produziu um total de 330 toneladas em 2018.
Tendência de desdolarização
A Rússia vem aumentando suas reservas de ouro ultimamente, principalmente através da compra de ouro no mercado interno, tornando-se o maior comprador do metal em 2018 e com o objetivo de sê-lo novamente em 2019. Esta tendência começou aproximadamente ao mesmo tempo em que a Rússia começou a vender títulos do Tesouro dos EUA, reduzindo seu valor nos ativos do país de US$ 92 bilhões (R$ 388,5 bilhões) para US$ 10,07 bilhões (R$ 42,5 bilhões) em dívida dos EUA.
Esta tendência de reduzir a quantidade de ativos denominados em dólares está em linha com os avisos de Vladimir Putin de que o dólar pode perder sua posição dominante e status de moeda de reserva. O presidente russo vinculou tal possibilidade a uma estratégia recém-adotada pelas autoridades dos EUA para impor sanções unilaterais e usar o dólar como alavanca política para forçar outros países a se curvarem à vontade de Washington.