"Antes de iniciarmos o nosso trabalho, gostaria de notar que nestes mesmos dias, de 3 a 4 de dezembro, em Londres está sendo realizada a Cúpula da OTAN, dedicada ao 70º aniversário da aliança", disse Putin na reunião sobre o desenvolvimento da Marinha russa. O presidente lembrou que a aliança militar foi criada para se opor à URSS.
"Agora, como sabemos, já não existe União Soviética, não existe o Pacto de Varsóvia [...] mas a OTAN não só existe, mas também está se desenvolvendo. Na época de sua criação a aliança incluía 12 países, agora tem 29, e o total de gastos militares da aliança representa mais de 70% dos gastos mundiais", disse ele.
Putin observou que a OTAN deve superar sua mentalidade estereotipada do passado, que já não é eficaz para o processo de tomada de decisão da aliança:
"Temos que assumir que, atualmente, a expansão da OTAN e o desenvolvimento de sua infraestrutura militar perto das fronteiras da Rússia é uma das potenciais ameaças à segurança do nosso país", disse o líder russo.
Tentativas de cooperação
Putin salientou que o lado russo tem repetidamente manifestado sua disponibilidade para "combater em conjunto as ameaças reais, incluindo o terrorismo internacional, os conflitos armados localizados e o perigo de proliferação descontrolada de armas de destruição em massa".
"Temos repetidamente dado passos em direção à aliança, tentamos propor uma agenda construtiva e vários eventos conjuntos foram realizados”, disse.
O líder russo notou que a cooperação entre Rússia e OTAN foi prejudicada pelos acontecimentos de 2008, quando eclodiu o conflito na Geórgia:
“No entanto, depois de 2008 a nossa cooperação foi praticamente terminada, porque a aliança estava atuando de forma incorreta em relação à Rússia [...] sem qualquer consideração aos [nossos] interesses", disse Putin.
O presidente também afirmou que a Rússia segue atenta à modernização e reequipamento técnico das suas Forças Armadas.
O Conselho Rússia-OTAN foi instituído em 2002, para discutir a expansão da aliança rumo à Europa oriental, mas teve suas atividades prejudicadas após a eclosão do conflito georgiano, em julho de 2008, e interrompidas em 2014, em função da questão ucraniana.
Apesar das divergências, o conselho Rússia e OTAN se reúne periodicamente para discutir assuntos de interesse mútuo. A reunião mais recente tratou do acordo de redução de mísseis de curto e longo alcance, o Tratado INF, em 5 de julho de 2019, em Bruxelas.
Entre os dias 3 e 4 de dezembro, os líderes da OTAN estarão reunidos em Londres. Nesta terça-feira, (03), os líderes serão recebidos no Palácio de Buckingham pela rainha Elisabeth II. Na quarta-feira (04), reuniões de trabalho devem discutir temas como a China, a segurança cibernética e a presença da OTAN no espaço.