Por sua parte, o presidente dos Estados unidos, Donald Trump, já advertiu que sua assinatura poderia esperar até a celebração das eleições em 2020. Se Washington escalar a guerra comercial contra a China, Pequim ainda tem mais uma "carta na manga" que poderia utilizar como parte de seu poder brando para mostrar seu descontentamento.
Trata-se de sua influência sobre o turismo. O gigante asiático usou uma tática semelhante no passado para poder influenciar os países vizinhos, como as Coreias, comenta o jornalista Edwart White para o Financial Times.
As operadoras de turismo na Coreia do Sul foram afetadas pelo veto imposto a viagens de grupos chineses ao país. Como resultado, o fluxo turístico caiu a quase metade em 2017, ficando em 4,2 milhões de pessoas, frente aos oito milhões acolhidos em 2016.
O uso desta ferramenta de pressão acompanhou o ambiente econômico hostil enfrentado por empresas sul-coreanas como a Hyundai e a Samsung no mercado chinês. Hoje em dia, os telefones produzidos pela fabricante sul-coreana ocupam somente 1% do mercado chinês, enquanto a venda de veículos produzidos pela Hyundai caiu a 790 mil, frente a 1,1 milhão em 2016.
Ao passo que a indústria sul-coreana ainda não recuperou sua posição na China, a situação no setor turístico demonstrou sinais de melhoras. O número de turistas chineses que visitaram o país vizinho superou os cinco milhões em outubro deste ano.
Após a visita do conselheiro estatal da China, Wang Yi, a Seul, vários funcionários sul-coreanos comunicaram que ambas as partes acordaram em normalizar por completo as relações bilaterais. Segundo analistas, os vínculos mais estreitos entre ambos os países asiáticos ameaça a influência norte-americana na região.
A Coreia do Sul não foi o único país a experimentar a pressão dos fluxos de turistas chineses sobre sua economia. Por exemplo, uma situação completamente distinta ocorreu na Coreia do Norte, na qual o turismo chinês está alcançando novos recordes.
O pesquisador sul-coreano Kim Hangyu estimou que o número de turistas chineses na Coreia do Norte superará 1,2 milhão de pessoas neste ano, se tornando uma importante fonte de divisas para um dos Estados mais isolados do mundo.