O Banco Central divulgou nesta sexta-feira (20) as estatísticas das contas externas brasileiras, constatando que o déficit em transações correntes totalizou 2,2 bilhões milhões de dólares. Este índice no mesmo período do ano passado foi de 1,3 bilhão de dólares.
Ao comentar se a desvalorização do real contribuiu para o resultado da balança, a economista e coordenadora da Graduação em Economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Juliana Inhasz, disse à Sputnik Brasil que "quando a gente percebe o real se desvalorizando frente ao dólar, é quando a gente começa a perceber esses efeitos de déficit se acentuando".
"O que isso significa? Que aquilo que a gente vende pra fora vai pra fora valendo menos, e aquilo que a gente compra entra no Brasil custando mais caro. Então é óbvio que existe sim esse peso, e isso tem que ser considerado.
De acordo com ela, do ponto de vista histórico, o Brasil acumula estes saldos negativos há um bom tempo, tendo vários períodos em que esses saldos em conta corrente são negativos.
Efeito #Trump: Real sofre maior queda em relação ao dólar em 8 anos: https://t.co/0ENeyVrMac pic.twitter.com/SCCDgdFqWX
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) November 10, 2016
"É óbvio que existe um valor maior agora que se acentuou por conta desse efeito do dólar e taxa de câmbio causam agora, mas a gente não pode esquecer que o Brasil já tem esse perfil há muito tempo. Se acentua agora esse movimento, mas o Brasil é historicamente, especialmente nos últimos dois anos um país que apresenta déficits em transações correntes", argumentou.
Efeitos da guerra comercial entre EUA e China
Ao comentar se a guerra comercial entre EUA e China influenciou o resultado da balança comercial brasileira, a economista Juliana Inhazs disse que o Brasil "sofreu um pouco desse impacto, até porque o Brasil ficou um pouco na mira dessa guerra comercial".
"Em alguns momentos de maneira direta, porque o Brasil foi alvo de críticas pelo presidente Donald Trump [...] mas indiretamente a gente ficou no meio dessa guerra comercial, porque o Brasil depende tanto de mercadorias que vêm desses dois países, quanto envia mercadorias pra esses dois países", disse a especialista.
"De uma forma ou de outra, essa guerra comercial, criando uma instabilidade maior dentro das relações comerciais entre EUA e China, acabou tornando o comércio internacional muito mais instável, as incertezas aumentaram", completou.