'Desenhado por palhaços e supervisionado por macacos': Boeing expõe mensagens internas sobre 737 MAX

© REUTERS / Lindsey WassonFoto aérea dos aviões Boeing 737 MAX estacionados na pista na fábrica da Boeing em Renton, Washington, EUA (foto de arquivo)
Foto aérea dos aviões Boeing 737 MAX estacionados na pista na fábrica da Boeing em Renton, Washington, EUA (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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O gigante aeronáutico afirma em um comunicado que algumas das mensagens são "completamente inaceitáveis" e contêm "linguagem provocadora".

Boeing revelou outro lote de mensagens internas da companhia em que seus funcionários expressam apreensão sobre o modelo do avião 737 MAX ao mesmo tempo que ridicularizam os gerentes, clientes e reguladores, informa o jornal The New York Times. Os documentos foram enviados ao Congresso dos EUA e à Administração Federal de Aviação (FAA).

O gigante aeronáutico, que continua atravessando uma grave crise, desde as catástrofes com os 737 MAX que custaram a vida a 346 pessoas, assinala em comunicado que algumas destas mensagens são "completamente inaceitáveis" e contêm "linguagem provocadora."

"Este avião foi desenhado por palhaços, que por sua vez foram supervisionados por macacos", escreveu um piloto da empresa a um colega em 2016. O funcionário não foi nomeado e não ficou claro que problemas teria identificado.

Outra mensagem, enviada em 2018, demonstra um funcionário se confrontando com problemas éticos dizendo a um colega: "Ainda não fui perdoado por Deus pelo encobrimento que fiz no ano passado", em uma aparente referência a uma diligência da companhia perante a FAA.

Para além do defeituoso sistema de controle de voo que teria causado os acidentes de 737 MAX na Indonésia e Etiópia, também os simuladores de voo da aeronave foram criticados pelos funcionários nas suas mensagens internas, denunciando igualmente que a companhia se furtava aos treinamentos de pilotos em simuladores porque os considerava longos e dispendiosos. Várias mensagens assinalam igualmente problemas no sistema informático de controlo do 737 MAX.

"Embarcarias a tua família em uma aeronave cujo treino foi feito em um simulador MAX? Eu não o faria", perguntou um trabalhador a um colega, que simplesmente respondeu: "Não."

Na declaração enviada juntamente com os documentos, a Boeing se desculpa perante "a FAA, o Congresso, nossos clientes [...] e passageiros" pelo "conteúdo destas comunicações" e acrescenta ter realizado "alterações significativas [...] para melhorar os processos de segurança, organização e cultura".

Um porta-voz da FAA assegurou em um comunicado que os documentos não revelam "nenhum risco de segurança que não tenha já sido identificado na revisão em curso das modificações propostas para a aeronave".

As mensagens em questão são na ordem das centenas, e foram redigidas entre 2013 e 2018.

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