Boeing revelou outro lote de mensagens internas da companhia em que seus funcionários expressam apreensão sobre o modelo do avião 737 MAX ao mesmo tempo que ridicularizam os gerentes, clientes e reguladores, informa o jornal The New York Times. Os documentos foram enviados ao Congresso dos EUA e à Administração Federal de Aviação (FAA).
O gigante aeronáutico, que continua atravessando uma grave crise, desde as catástrofes com os 737 MAX que custaram a vida a 346 pessoas, assinala em comunicado que algumas destas mensagens são "completamente inaceitáveis" e contêm "linguagem provocadora."
"Este avião foi desenhado por palhaços, que por sua vez foram supervisionados por macacos", escreveu um piloto da empresa a um colega em 2016. O funcionário não foi nomeado e não ficou claro que problemas teria identificado.
Outra mensagem, enviada em 2018, demonstra um funcionário se confrontando com problemas éticos dizendo a um colega: "Ainda não fui perdoado por Deus pelo encobrimento que fiz no ano passado", em uma aparente referência a uma diligência da companhia perante a FAA.
Para além do defeituoso sistema de controle de voo que teria causado os acidentes de 737 MAX na Indonésia e Etiópia, também os simuladores de voo da aeronave foram criticados pelos funcionários nas suas mensagens internas, denunciando igualmente que a companhia se furtava aos treinamentos de pilotos em simuladores porque os considerava longos e dispendiosos. Várias mensagens assinalam igualmente problemas no sistema informático de controlo do 737 MAX.
"Embarcarias a tua família em uma aeronave cujo treino foi feito em um simulador MAX? Eu não o faria", perguntou um trabalhador a um colega, que simplesmente respondeu: "Não."
Na declaração enviada juntamente com os documentos, a Boeing se desculpa perante "a FAA, o Congresso, nossos clientes [...] e passageiros" pelo "conteúdo destas comunicações" e acrescenta ter realizado "alterações significativas [...] para melhorar os processos de segurança, organização e cultura".
Um porta-voz da FAA assegurou em um comunicado que os documentos não revelam "nenhum risco de segurança que não tenha já sido identificado na revisão em curso das modificações propostas para a aeronave".
As mensagens em questão são na ordem das centenas, e foram redigidas entre 2013 e 2018.