O Poder Executivo enviará nos próximos dias a Reforma Administrativa ao Congresso, enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diz querer aprovar outra pauta polêmica, a Reforma Tributária, em no máximo 5 meses.
O cientista político da Universidade Federal de Ouro Preto, Antônio Marcelo Jackson, em entrevista à Sputnik Brasil, disse não acreditar que o governo terá tempo hábil para enviar a reforma administrativa ao Congresso, sobretudo com as recentes críticas que o presidente tem feito ao Congresso.
"Eu acredito que não. E sejamos sinceros, com as últimas declarações, ou antes estímulos, apresentados pelo Jair Bolsonaro em relação a críticas ao Congresso, parece que cada vez mais a votação de qualquer coisa fica mais remota. Salvo se tiver interesse do próprio Congresso", disse ele.
O especialista explicou que o Congresso Nacional foi eleito por menos de 50% dos eleitores brasileiros e a maior parte dos eleitores não escolheu os deputados, sendo que "boa parte é representante de empresários, grupos econômicos, fora as famosas bancadas da bala, bancadas da Bíblia".
"Então qualquer votação que aconteça, diz respeito muito mais a esses grupos e possíveis alianças entre eles do que propriamente a um projeto nacional, um projeto de país, um projeto ligado ao poder executivo", declarou.
O músico @lobaoeletrico criou a hashtag com pedido de impeachment contra Bolsonarohttps://t.co/dr9H2v2aHO
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) February 26, 2020
De acordo com ele, "no caso agora com toda essa crítica ao governo nacional, estimulando protestos para fecharem o Congresso Nacional, mesmo que se envie qualquer coisa agora nesses próximos dias, o primeiro problema vai ser enfrentar toda a oposição ao Jair Bolsonaro".
"Para um sujeito que passou 27 anos na Câmara dos Deputados, não é possível que ele [Bolsonaro] não entenda, estando agora no poder executivo, que existe um jogo de cintura, que deva existir um cuidado com as palavras e ações [...] daí às vésperas do Congresso retomar os trabalhos após o carnaval, ele libera uma crítica ao Congresso Nacional", disse.
"É primário demais esse erro. É de uma 'inocência' que eu não consigo entender", completou Antônio Marcelo Jackson.