Nesta sexta-feira (28), o representante do governo turco Fahrettin Altun declarou que a comunidade internacional deveria impor uma zona de exclusão aérea sobre a província síria de Idlib.
"Nós esperamos que a comunidade internacional aja não somente dando apoio, mas garantindo paz e estabilidade na região que vai impactar a região fronteiriça que inclui a Europa. Nós também chamamos a atenção das partes dos processos de Astana e Sochi para que honrem seus compromissos", escreveu Altun no Twitter.
We expect the international community to act not simply to support us but ensure peace and stability in the region that will impact the broader region including Europe. We also call on the parties to the Astana & Sochi processes to honor their commitments.
— Fahrettin Altun (@fahrettinaltun) February 28, 2020
Posteriormente, Altun escreveu que a Turquia não pode mais acomodar refugiados sem uma partilha de obrigações com outras nações e organizações, relembrando que foi sugerida aos EUA e União Europeia a criação de uma zona de segurança, que agora está sendo implementada somente pela Turquia. "A falta de apoio dos nossos aliados é desencorajadora!", exclamou, acrescentando que "a zona de desescalada em Idlib visava prevenir atrocidades e massacres contra quatro milhões de civis na área. Nosso objetivo tem sido prevenir a limpeza étnica e os crimes de guerra do regime Assad, assim como o deslocamento e mais refugiados".
Anteriormente, o lado turco havia relatado a morte de 33 soldados durante um ataque aéreo do governo sírio. Em resposta, o Exército turco conduziu ataques de grande escala contra posições das tropas sírias.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, convocou uma reunião sobre questões de segurança após o ataque às tropas turcas.
O líder turco telefonou para o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para discutir a situação em Idlib. Durante a conversa, o presidente da Federação da Rússia pediu maior eficácia na interação entre as entidades de defesa da Rússia e da Turquia.
"Ambos os lados enfatizaram a necessidade de medidas adicionais para normalizar a situação no noroeste da Síria", afirmou o Kremlin.
O especialista em Oriente Médio e professor da Escola Superior de Economia de Moscou, Andrei Chuprygin, acredita que a paz em Idlib não será alcançada pela imposição de uma zona de exclusão aérea, mas sim pelo cumprimento por parte da Turquia de seus compromissos.
"A Turquia está utilizando todas as suas cartas políticas que pode usar [em Idlib]", disse Chuprygin ao serviço russo da Rádio Sputnik. "Incluindo a tentativa de convencer a OTAN e a ONU da necessidade de introdução de uma zona de exclusão aérea. A situação é realmente difícil porque a escalada é muito séria – mais de trinta militares turcos perderam a vida neste território durante os últimos confrontos", explicou.
Para ele, a imposição de uma zona de exclusão seria muito benéfica à Turquia, que poderia continuar a conduzir operações militares sem enfrentar resistência.
"A zona de exclusão aérea seria um presente para Erdogan. Se a zona de exclusão aérea sobre Idlib for imposta, isso significará que os turcos poderão conduzir operações militares nessa região praticamente com impunidade", acredita Andrei Chuprygin.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, já tinha declarado que a Turquia não estava cumprindo várias de suas obrigações fundamentais em relação à desescalada na província de Idlib, como por exemplo fazer a dissociação entre grupos moderados e grupos radicais atuantes em Idlib.
O memorando russo-turco de 18 de setembro de 2018, acordado na reunião dos presidentes Putin e Erdogan, autorizava a Turquia a manter suas posições militares em Idlib desde que cessasse a atividade de grupos terroristas na região.