Irã teria recebido da Huawei equipamento norte-americano sancionado

© AP Photo / Kin CheungUm logotipo da Huawei é exibido em uma loja de eletrônicos em Hong Kong.
Um logotipo da Huawei é exibido em uma loja de eletrônicos em Hong Kong. - Sputnik Brasil
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A Empresa de Telecomunicações Celulares do Irã realizou acordos com empresas internacionais para comprar equipamento informático apesar das sanções impostas pelos EUA.

A fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei enviou equipamentos fabricados nos EUA para o Irã, não obstante as sanções comerciais, informou a Reuters, citando documentos internos da empresa.

Em 2012, uma empresa ligada à Huawei Technologies se ofereceu para vender equipamento informático da Hewlett-Packard (HP) à Empresa de Telecomunicações Móveis do Irã (MCI). A Huawei confirmou o acordo, mas negou que o equipamento tenha chegado ao cliente.

Os documentos são datados de 2010 e incluem listas de envio que detalham servidores da HP, interruptores e matrizes de disco, bem como servidores e software da Microsoft, de acordo com a agência Reuters.

Esse equipamento deveria ter chegado ao Irã, que na época estava sob rigorosas sanções de exportação dos EUA relacionadas ao seu programa nuclear. A Reuters diz que também analisou um documento interno da Huawei confirmando que o equipamento tinha chegado ao seu destino. A agência não diz se se refere a todo o equipamento supostamente destinado ao transporte.

A MCI, o maior operador móvel do Irã, teria assim sido o maior cliente da Huawei.

'Subsidiária não oficial' da Huawei

Esta não é a primeira vez que as relações da Huawei com a MCI vêm à tona. Houve relatos em 2012 e 2013 sugerindo que uma empresa sediada em Hong Kong chamada Skycom Tech, que se pensava ter laços estreitos com a Huawei, tinha tentado vender à MCI pelo menos US$ 1,45 milhões (R$ 4,68 milhões) de equipamento da empresa de tecnologia HP, embargado em 2010.

A Reuters na época citou o que chamou de lista de preços incluída em uma proposta conjunta da Huawei e da Skycom para expandir o sistema de faturamento da MCI. A Huawei confirmou que a Skycom tinha feito a proposta, mas negou que os produtos da HP tivessem realmente sido enviados para a MCI. Os novos documentos, se verdadeiros, lançam dúvidas sobre essa alegação.

O caso dos EUA contra a Huawei

A Skycom está agora entre os acusados no processo do Departamento de Justiça dos EUA contra a Huawei, aí descrito como a "subsidiária não oficial" da gigante de telecomunicações chinesa.

Como parte dessa acusação, a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, filha do fundador da empresa, é acusada de usar a Skycom para fazer negócios no Irã e enganar os bancos ocidentais ao tirar o dinheiro do Irã.

© AP Photo / Mark SchiefelbeinLogo da empresa Huawei (imagem referencial)
Irã teria recebido da Huawei equipamento norte-americano sancionado - Sputnik Brasil
Logo da empresa Huawei (imagem referencial)

Wanzhou foi presa no Canadá em dezembro de 2018 e está atualmente lutando contra a extradição para os Estados Unidos, onde enfrentaria acusações de fraude, obstrução à justiça e roubo de segredos comerciais (esta última decorre de um caso separado). Tanto Wanzhou como a Huawei negam as acusações.

A Huawei recusou-se a comentar as conclusões da Reuters, citando os procedimentos em curso. Um porta-voz da empresa disse que "está empenhada em cumprir todas as leis e regulamentos aplicáveis nos países e regiões onde operamos, incluindo todas as leis e regulamentos de controle e sanções de exportação da ONU, EUA e UE". A MCI não quis comentar o assunto.

A HP, que foi referida em 2015 como tendo feito milhões com a venda de seus produtos ao Irã através de uma subsidiária, disse: "Os nossos termos contratuais proibiam a venda destes produtos ao Irã e exigiam que os nossos parceiros cumprissem todas as leis e regulamentos de exportação aplicáveis."

Os novos documentos podem reforçar o argumento norte-americano contra a Huawei: a administração Trump avançou sobre a empresa em todas as frentes, fechando-a ao mercado dos EUA e fazendo lobby junto aos aliados para bani-la da instalação das redes 5G recém-criadas, por alegações de espionagem, o que a Huawei nega.

Os críticos têm argumentado que a razão subjacente à perseguição norte-americana contra a Huawei não é o medo de espionagem, mas a tentativa de refrear o crescente domínio econômico e tecnológico da China.

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