O Washington Post informou nesta segunda-feira (13) que a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) apresentava no seu site instruções que se opunham ao uso da combinação de hidroxicloroquina e do antibiótico azitromicina para tratar o novo coronavírus sem a aprovação de um médico.
"Neste momento, o medicamento não é recomendado para ser usado por pacientes, exceto por profissionais médicos que o prescrevam como parte de estudos investigativos em andamento", afirma a resposta da agência a uma pergunta feita sobre a obtenção de hidroxicloroquina sem prescrição médica para combater a COVID-19.
"Há efeitos colaterais potencialmente significativos, incluindo morte súbita cardíaca, associados à hidroxicloroquina, e seu uso individual nos pacientes precisa ser cuidadosamente selecionado e monitorado por um profissional de saúde", diz.
A resposta concluiu com um apelo aos funcionários, pedindo: "Por favor, não obtenham este medicamento por conta própria".
Falando ao The Hill, um porta-voz da CIA referiu que a informação que é fornecida aos seus funcionários é e será consistente com a dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA e as orientações da Casa Branca.
A pergunta apareceu no site da CIA pouco tempo depois que Trump começou falando da hidroxicloroquina como um possível "presente de Deus" no combate ao novo coronavírus nos EUA.
....be put in use IMMEDIATELY. PEOPLE ARE DYING, MOVE FAST, and GOD BLESS EVERYONE! @US_FDA @SteveFDA @CDCgov @DHSgov
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 21, 2020
HIDROXICLOROQUINA & AZITROMICINA, tomadas juntas, têm uma chance real de ser um uma das maiores mudanças da história da medicina. A [Administração de Alimentos e Medicamentos] FDA, moveu montanhas, Obrigado! Esperemos que AMBAS (H funciona melhor com A, International Journal of Antimicrobial Agents) comecem a ser usadas IMEDIATAMENTE. AS PESSOAS ESTÃO MORRENDO, AVANCEM RÁPIDO e DEUS ABENÇOE A TODOS!
Trump têm feito referências ao chamado medicamento milagroso desde o final de março, apesar das críticas, desde rivais políticos até altos funcionários médicos familiarizados com o medicamento antimalárico.
Influência do presidente
O presidente dos EUA continuou a campanha em reuniões com pessoas que se recuperaram do novo coronavírus no início deste mês, incluindo a deputada estadual democrata do Michigan, Karen Whitsett.
A legisladora, que deu positivo no teste da COVID-19 em março, começou a tomar doses prescritas de hidroxicloroquina em 31 de março, após explorar opções de tratamento com seu marido por vários dias, informou o jornal Detroit Free Press.
Whitsett agradeceu a Trump por divulgar o medicamento, e argumentou que ela não seria capaz de defender as pessoas de Detroit, Michigan, se não fosse ele ter iniciado uma conversa sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19.
A governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem, anunciou na segunda-feira (13) na TV que Mount Rushmore State seria o primeiro lugar nos EUA a realizar ensaios estaduais sobre a hidroxicloroquina.
"Todo o morador da Dakota do Sul que tem COVID-19 pode ter essa conversa com seu médico", disse Noem. "Sou uma candidata, sou uma boa opção para receber hidroxicloroquina?"
Ela acrescentou que o governo da Dakota do Sul pode tratar até 100 mil pessoas infectadas no estado porque o "governo federal se empenhou" e lhes deu "tudo o que precisam".
O site do CDC observa que tanto a hidroxicloroquina como a cloroquina estão atualmente sendo estudadas em vários ensaios clínicos para testar sua eficácia no tratamento da "COVID-19 leve, moderada e grave". A agência de saúde ressalta que é necessária prescrição para os medicamentos orais.
Os EUA atualmente têm mais de 609.000 casos confirmados de COVID-19 e sofreram pelo menos 26.057 mortes relacionadas à doença. Cerca de 50.000 pacientes nos EUA já se recuperaram.