O diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, David Beasley, estima em 135 milhões o número de pessoas que passam fome atualmente, com mais 130 milhões à beira da fome por causa do coronavírus, totalizando 265 milhões de pessoas, muito mais do que a população do Brasil que corresponde a um pouco mais de 211 milhões.
"Se não nos prepararmos e agirmos agora para garantir o acesso, evitar falhas de financiamento e interrupções no comércio, poderíamos vir a enfrentar múltiplas fomes de proporções bíblicas dentro de poucos meses", previu.
"Ao mesmo tempo em que lidamos com a pandemia da COVID-19, também estamos à beira de uma pandemia de fome", enfatizou Beasley ao Conselho de Segurança em videoconferência.
WFP Chief warns of hunger pandemic as #COVID19 spreads.
— World Food Programme (@WFP) April 21, 2020
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Chefe do PMA adverte sobre pandemia de fome à medida que a COVID-19 se espalha. Leia o comunicado completo. A verdade é que não temos tempo do nosso lado, então vamos agir com sabedoria, e vamos agir rápido. É fundamental que nos juntemos como uma comunidade global unida para derrotar esta doença
Segundo um novo relatório sobre a crise alimentar mundial, os mais vulneráveis são as pessoas de 10 países afetados por conflitos, crises econômicas e mudanças climáticas, incluindo Iêmen, República Democrática do Congo, Afeganistão, Sul do Sudão, Síria e Haiti.
Beasley alertou que, para milhões de civis em nações em conflito, que estão à beira da fome, "a fome é uma possibilidade muito real e perigosa".
"Se não conseguirmos alcançar essas pessoas com a assistência que elas precisam, nossa análise mostra que 300.000 pessoas podem morrer de fome todos os dias durante um período de três meses […] Isto não inclui o aumento da fome devido à COVID-19", explicou.
O chefe do PMA enfatizou que o tempo está contra nós, e que "devemos agir com sabedoria e rapidez".
"Acredito que com nossa experiência e nossas parcerias, podemos reunir as equipes e programas necessários para garantir que a pandemia da COVID-19 não se transforme em uma crise humana e alimentar catastrófica", destacou.