A declaração foi feita durante um discurso televisionado, no qual Haftar informou que a "vontade do povo" lhe deu um mandato para governar, anunciando que o seu Exército Nacional Líbio (LNA) assumirá o controle do país.
"O Comando Geral das Forças Armadas aceita a vontade do povo apesar do peso dessa confiança, da multiplicidade de obrigações e da magnitude das responsabilidades perante Deus, nosso povo, nossa consciência e história", disse.
As forças de Haftar já controlam a maior parte da Líbia, e passaram grande parte do último ano avançando contra Trípoli para derrubar o Governo do Acordo Nacional (GNA), criado em 2015 após as conversações mediadas pela ONU, na sequência da operação da OTAN liderada pelos EUA que depôs o governante líbio Muammar Gaddafi e jogou o país em anos de guerra civil.
Acordo de unidade
Durante o discurso, dirigindo-se aos "líbios livres", o general condenou o acordo de unidade que estabeleceu o GNA, insistindo que ele "destruiu" a Líbia, e que os cidadãos tinham escolhido outro líder "elegível".
"Seguimos sua resposta ao nosso chamado para anunciar a queda do Acordo Político, que destruiu o país e o levou ao abismo, e para autorizar aqueles que consideram elegíveis para liderar esta etapa", disse Haftar, acrescentando que o LNA trabalharia para criar "instituições duráveis do Estado civil".
Em resposta ao anúncio, a Embaixada dos EUA em Trípoli disse que Washington lamenta "a sugestão de Haftar de que mudanças na estrutura política da Líbia podem ser impostas por declaração unilateral", e instando o LNA a declarar um cessar-fogo durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, enquanto o país luta contra o surto de coronavírus.
Contando com o apoio da Turquia, o GNA conseguiu repelir as ofensivas de Haftar ao longo do último ano, inclusive ganhando terreno contra o LNA perto de Trípoli nas últimas semanas. No entanto, o governo de unidade pediu apoio a Washington, declarando em fevereiro que receberia tropas dos EUA em solo líbio para ajudar na luta contra o "terrorismo".
A operação de mudança de regime da OTAN em 2011, que forçou Kadhafi a sair do poder e terminou em uma brutal execução à beira da estrada às mãos de rebeldes apoiados pelo Ocidente, transformou a Líbia em um Estado devastado pela guerra, promovendo quase uma década de conflito armado entre centros de poder concorrentes e a ascensão de grupos terroristas como o Daesh (proibido na Rússia e demais países), que floresceu em focos de anarquia criados em meio aos combates.