Diferentemente das pegadas feitas em areia, que rapidamente perdem sua forma, as pegadas em questão foram feitas em lama de origem vulcânica, o que propiciou sua conservação por milhares de anos.
Para entender melhor a origem das pegadas, a geóloga Cynthia Liutkus-Pierce se deslocou ao local, localizado na Tanzânia e chamado de Engare Sero, ainda em 2009, publicou o portal científico The Conversation.
Na ocasião, somente 56 pegadas haviam sido expostas devido à erosão natural da superfície terrestre.
Contudo, uma equipe de pesquisadores formada por arqueólogos, antropólogos, biólogos, geólogos e outros cientistas acabou por descobrir que o local abrigava 408 pegadas.
It’s safe to say that these early modern humans never expected their footprints to be 3D printed but that is possible thanks to @3D_Digi_SI. Students, teachers, artists, you can recreate these footprints yourself. Share your work with @HumanOrigins! https://t.co/ZwUpXwZAEW pic.twitter.com/bRWuD184kh
— Smithsonian's NMNH (@NMNH) May 14, 2020
É seguro dizer que estes primeiros humanos modernos nunca imaginaram que suas pegadas seriam imprimidas em 3D, mas isso é possível.
Usando duas técnicas de datação por decaimento radioativo, os cientistas chegaram à conclusão de que as pegadas foram feitas entre seis mil e 19 mil anos atrás.
Neste período, os humanos modernos seriam provavelmente os únicos hominídeos restantes na África e já teriam se espalhado por diversas partes do globo.
Desvendando as pegadas
As análises acabam por revelar que 17 rastros de pegadas foram feitos por um único grupo de pessoas caminhando ao mesmo tempo em direção ao sudoeste.
As pegadas pertencem a 14 mulheres adultas, dois homens adultos e ainda um mais jovem.
Comparando com grupos modernos que vivem na Tanzânia e também no Paraguai, os cientistas descobriram que também no passado grupos de mulheres acompanhadas por poucos homens saiam à procura de alimentos.
Desta forma, as pegadas são forte indício da divisão de trabalho por gênero que os humanos já possuíam milhares de anos atrás.
"É possível que estivessem buscando comida ao longo da margem de um lago, buscando plantas ou mariscos para comer. Poderiam levar arcos e flechas para caçar animais como antílopes, zebras ou búfalos, que deixaram outras pegadas por perto", afirmaram os pesquisadores.