As afirmações do presidente turco foram proferidas um dia depois que o premiê israelense reiterou sua intenção de "aplicar a soberania de forma sábia na Judeia e Samaria", chamando partes da Cisjordânia por seus nomes bíblicos.
Turquia assume defesa dos palestinos
"Estamos testemunhando um novo plano de ocupação e anexação por Israel que ameaça a soberania palestina e é contrário ao direito internacional", declarou Erdogan, acrescentando que a Turquia é "a única voz que defende os palestinos hoje".
O chefe de Estado turco prosseguiu afirmando que seu país "não permitirá a transferência de terras palestinas para ninguém", denunciando a atual "ordem mundial":
"A ordem mundial decepcionou os palestinos, e não trouxe paz, justiça, segurança e ordem a esta parte do mundo", afiançou o presidente turco.
Erdogan se referiu a Jerusalém e ao Monte do Templo como local "sagrado para três religiões", apelidando-a de "linha vermelha" para os muçulmanos do mundo inteiro.
1º de julho segue valendo
Em uma reunião a portas fechadas com deputados do seu partido em 25 de maio, o premiê israelense Benjamin Netanyahu reiterou a data estabelecida prevista para 1º de julho no acordo de coligação que permitiu a formação do atual governo, noticiou o jornal Times of Israel.
O complexo acordo, firmado no mês passado com Gantz, estipula que o premiê pode apresentar sua proposta formal para os assentamentos no dia 1º de julho, sendo necessária a aprovação do gabinete ou do Knesset (parlamento israelense).
Netanyahu deixou claro para os deputados do Likud que não tem intenção de retroceder na decisão.
"Temos uma oportunidade que não existe desde 1948 de aplicar a soberania de forma sábia e como um passo diplomático na Judeia e Samaria, e não vamos deixar passar esta oportunidade", afirmou Netanyahu, citado pelo Times of Israel.
Estes foram os primeiros comentários públicos feitos por Netanyahu após seu comparecimento ao tribunal em 24 de maio para ser julgado em três casos de corrupção.
O Times of Israel recorda que os planos de Netanyahu estão de acordo com o plano do Oriente Médio revelado pelo governo dos EUA em janeiro, o que permite estender a soberania israelense sobre cerca de 30% da Cisjordânia.
No entanto, todo o plano de paz, em grande parte ofuscado nos últimos meses pela pandemia do coronavírus, foi rejeitado pelos palestinos, que consideram a Cisjordânia o território de um futuro Estado palestino.
O jornal israelense recorda igualmente que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou na semana passada que estava rompendo todos os laços de segurança com Israel devido às intenções declaradas por Netanyahu.