De acordo com os pesquisadores, o raro fenômeno natural poderia ter tido como consequência os recentes novos focos de incêndio na Sibéria.
Ainda no verão de 2019, no hemisfério norte incêndios naturais massivos foram registrados na Groenlândia, Sibéria e Alasca, produzindo grande concentração de fumaça que podia ser vista do espaço, publicou o tabloide Daily Star.
Contudo, com o derretimento da neve o fogo recomeçou, levando alguns cientistas a acreditar que incêndios "zumbis" teriam estado ardendo na vegetação abaixo da camada de neve durante o inverno.
De acordo com o geógrafo ambiental Thomas Smith, da Escola de Economia de Londres, seria este o evento agora está ocorrendo no Ártico.
"Nós sabemos que [os incêndios 'zumbis'] são reais e muito raros", declarou o pesquisador ao portal New Scientist.
Ainda de acordo com ele, os incêndios surgiram em regiões geladas logo após o derretimento da neve, dando aos cientistas "grande evidência de incêndios 'zumbis'".
Entretanto, a temperatura média do Ártico tem se elevado, enquanto o derretimento do permafrost causa emissão de gases do efeito estufa, aumentando ainda mais a temperatura.
Incêndios diferentes
Os pesquisadores também observam que os incêndios "zumbis" diferem dos observados na Austrália e nos EUA nos últimos meses.
Enquanto estes se dão pela queima de vegetação seca, os incêndios no Ártico estão queimando a própria terra.
Isso se dá pela queima de turfa, que pode arder durante meses.
Além disso, os incêndios no Ártico são difíceis de combater por métodos tradicionais e estão distantes das zonas cobertas por serviços de combate a incêndio por ficarem afastados de concentrações humanas.
Isso seria uma evidência ainda maior de que tal fogo não é provocado pelo homem, mas tem causa natural.
Fogo sem fim?
Comentando o assunto, o especialista Mark Parrington, do Centro Europeu de Previsão Climática de Médio Prazo no Reino Unido, ressaltou a característica cíclica do evento.
"Se isso são incêndios 'zumbis' e eles estão distribuídos em áreas que estiveram ardendo no verão passado, então, sob certas condições ambientais, poderá haver um efeito cumulativo da estação de incêndios anterior alimentando a próxima estação e levando novamente a incêndios de longo prazo e grande escala por toda a região", afirmou.