Organizado pela Instituto de Economia e Paz (IEP), o ranking é baseado em indicadores que medem pontos como segurança, estabilidade política, taxas de encarceramento, taxas de homicídio, conflitos e militarização. O relatório, publicado nesta quarta-feira (10), aponta que os países com melhor situação de paz são: Islândia, Nova Zelândia, Portugal, Áustria e Dinamarca. Já os cinco países com os piores resultados são: Afeganistão, Síria, Iraque, Sudão do Sul e Iêmen.
O Brasil está na 126ª colocação da lista de 163 países. Um dos pontos que contribuí para a situação do Brasil, afirma o IEP, é a preocupação com as ameaças ecológicas, que devem ser agravadas pelas mudanças climáticas. A organização aponta o acesso à água tratada como um ponto de destaque.
"A paz é multifacetada, ela tem várias características. Nesse sentido, o relatório está completamente de acordo com essas novas tendências contemporâneas", afirma à Sputnik Brasil o cientista político e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Maurício Santoro. "Não é por acaso que os países melhor classificados no ranking de paz, como Nova Zelândia, Portugal e Islândia, são todos países democráticos, muito estáveis, sem grandes turbulências políticas ou econômicas".
O professor da UERJ ressalta que, além da "violência pura e simples", fatores como instabilidade política, polarização política exacerbada e hostilidade contra o trabalho da imprensa também são fatores que jogam contra o Brasil no ranking da paz.
Já o cientista político e professor de Relações Internacionais do Ibmec/Rio Leonardo Paz aponta fatores estruturais da sociedade brasileira que dificultam a paz, como a pronunciada desigualdade.
"Quando você tem uma situação de bastante instabilidade política, há uma dificuldade muito grande dos atores políticos conseguirem efetivamente criar uma estrutura política, econômica, criarem políticas públicas bem estruturadas, de maneira que elas possam combater um conjunto de elementos, como, por exemplo, a desigualdade, o desemprego", afirma Paz à Sputnik Brasil.
Pandemia e paz
Tanto os analistas ouvidos pela Sputnik Brasil como o IEP apontam que a pandemia de coronavírus é um fator preocupante para a paz global. No relatório, a organização ressalta os impactos econômicos da pandemia, como o aumento do desemprego e a diminuição do comércio, além de efeitos como hostilidade contra estrangeiros e xenofobia.
O professor da UERJ Maurício Santoro diz que a pandemia para o Brasil e os Estados Unidos é uma espécie de "sal nas feridas da desigualdade social, da pobreza, do racismo."