OTAN está impotente ante tensão no mar Mediterrâneo?

© REUTERS / Christian HartmannA bandeira da OTAN vista através de cerca farpada em frente à nova sede da OTAN em Bruxelas, maio de 2017
A bandeira da OTAN vista através de cerca farpada em frente à nova sede da OTAN em Bruxelas, maio de 2017 - Sputnik Brasil
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As ações da Turquia na Líbia e no mar Mediterrâneo poderiam aumentar a tensão na zona, além de provocarem choques diplomáticos entre membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A retirada da França da operação Sea Guardian, em protesto pelo "comportamento agressivo" de embarcações turcas em relação a seus navios, é o último capítulo do conflito, avalia o colunista da Sputnik Mundo Luis Rivas.

O incidente militar entre um navio francês e uma fragata turca em 10 de junho nas águas do Mediterrâneo coloca em questão o papel da aliança, incapaz de investigar e esclarecer o ocorrido.

O presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu retirar todos os meios militares postos à disposição por seu país na operação da Aliança, que tem por objetivo fazer respeitar o embargo de armas à Líbia.

Se, para o mandatário francês, a OTAN estava já em morte cerebral, desta vez os porta-vozes militares franceses acusam a organização de praticar uma "política de avestruz" em relação à Turquia.

Em 1º de junho, o navio militar francês Le Courbet sofreu três iluminações de radar por parte de uma fragata turca, ou seja, três vezes foi objeto de ameaça iminente de disparos.

Ameaças militares entre membros do bloco militar

Para a ministra francesa da Defesa, Florence Parly, na OTAN estes atos são considerados hostis. "Não podemos aceitar" - denunciou - "que um aliado se comporte de tal maneira contra um navio da OTAN".

A aliança militar ocidental reagiu tarde e disse querer investigar o incidente, mas sua resposta vaga provocou críticas da França. A OTAN preferiu não tomar partido por nenhum de seus integrantes.

O conflito entre a Turquia e a França é a parte mais visível das hostilidades que a política de Ancara tem provocado no mar Mediterrâneo há mais de dois anos. A situação se agravou com o apoio do presidente turco Recep Tayyip Erdogan ao governo líbio de Fayez al-Sarraj, em luta contra o marechal Khalifa Haftar.

© AP Photo / Mohamed Ben KhalifaSoldados da Líbia instalam arma para combater contra militantes em Al-Ajaylat, perto de Trípoli, Líbia, 21 de fevereiro de 2015
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Soldados da Líbia instalam arma para combater contra militantes em Al-Ajaylat, perto de Trípoli, Líbia, 21 de fevereiro de 2015

A presença da Turquia na Líbia como forte aliado ao Governo do Acordo Nacional (GAN, na sigla em inglês) multiplicou as possibilidades de envio de militares turcos e de implantação de infraestruturas.

Mediante este pacto, a Turquia fornece armamento e apoio logístico ao GAN e, em troca, obtém a possibilidade não somente de instalar bases militares na Líbia, mas também de explorar zonas ricas em gás no Mediterrâneo, reivindicadas por países como Chipre, Grécia, Itália, Egito e Líbano.

Desentendimentos paralisam a OTAN

O presidente francês é o dirigente mais crítico de Erdogan na organização militar da qual ambos fazem parte. Macron, se referindo à Líbia, fala até mesmo da "responsabilidade criminosa de um país que se diz membro da OTAN". Enquanto isso, Ancara acusa a França de apoiar Haftar, como algo inaceitável para um membro do bloco.

O papel da Turquia na OTAN vem sendo motivo de polêmica, em especial, desde o conflito na Síria. Seu ponto culminante foi a compra pelo Exército turco de mísseis russos S-400, dispensando os norte-americanos Patriot. Ao escolher o material russo, o governo dos EUA proibiu a venda dos caças F-35 à Turquia.

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